Cães com sinais de maus-tratos e vítimas de abandono são resgatados em bairros de Rio Preto, SP
Uma protetora de animais resgatou oito filhotes de cachorros que foram abandonados em um matagal, no bairro Residencial Maria Clara, em São José do Rio Preto (SP). Além deles, a moradora Elisângela Santos encontrou a cadela, mãe dos filhotes, também com sinais de maus-tratos.
Ao G1, ela afirmou que achou os animais na quinta-feira (28) depois que moradores entraram em contato pedindo ajuda para socorrê-los.
“Um não resistiu e, infelizmente, morreu de hipotermia. Depois, me avisaram que tinha uma cachorrinha abandonada a dois quilômetros do local que os cachorros tinham sido encontrados. Então, eu fui até o bairro e encontrei a mãe, que estava muito magra”, diz.
Vídeo: Moradores da região mandam denúncias de maus-tratos a animais no noroeste paulista.
Ao se aproximar com os filhotes, a protetora de animais diz que a cadela os reconheceu imediatamente. “Ela começou a lambê-los, principalmente, o que estava quase morrendo. Em seguida, eles começaram a mamar”, afirma.
Indignada com a crueldade, Elisângela fez um apelo para tentar encontrar o responsável. “Preciso saber quem foi para fazer um boletim de ocorrência e enviar para a Polícia Ambiental”, diz.
Ainda de acordo com a protetora, todos os filhotes resgatados serão colocados para a adoção.
Mais abandono
Também na quinta-feira (28), uma cadelinha foi abandonada por um motorista em uma estrada de terra que fica nas proximidades do Condomínio Recanto do Lago.
Ao G1, a adestradora Mary Hellen Pereira contou que encontrou o animal perdido e desceu do veículo para ver o que estava acontecendo.
“Ela me viu e já veio ao meu encontro. E eu fui perguntar para o vizinho se era dele, mas ela saiu correndo”, afirma.
Em seguida, Mary Hellen conseguiu correr atrás dela e pegá-la. A cadelinha, que ganhou o nome de Bela, será castrada e colocada para a adoção. “Ela é muito boazinha”, diz.
A adestradora também ajudou a resgatar um pit bull, que foi deixado em um canavial entre os municípios de Ipiguá e Mirassolândia (SP). Ele foi encontrado magro e com alguns tumores.
“O cachorro ficou no local por mais de sete dias. Uma moça parava o caminhão para alimentá-lo. Eu recebi um pedido de ajuda e fui buscá-lo”, afirma.
Rocco foi levado para uma clínica, passou por cirurgia para retirar os tumores e recebeu alta do veterinário. “Ele vai permanecer comigo na minha chácara, onde funciona um hotel para cachorros”, conta.
Além dele, Guinho, um cachorro que nasceu cego, ganhou um novo capítulo depois de Mary ficar sabendo de sua situação.
“Ele morava em uma casa, mas a família foi embora e o deixou. Outra pessoa se mudou, mas ela também foi embora e o deixaram para trás”, conta.
O resgate de Guinho foi feito. Ele se recuperou e acabou ficando com a adestradora. “O cachorro é especial. Precisa de água no lugar certo. Então, acabou ficando. Agora ele tem até um Instagram. É um doce”, afirma.
Outros casos
Mais casos de abandono foram registrados na cidade no primeiro semestre. No começo do ano, por exemplo, a Polícia Ambiental resgatou um cão que foi deixado amarrado em um poste às margens da BR-153.
De acordo com a corporação, moradores que passavam pelo local viram o animal e acionaram a polícia.
O cachorro, que sofreu ferimentos em uma das patas, será tratado pelo Centro de Controle de Zoonoses e colocado para a adoção.
Já um pastor-alemão que teve uma das patas amputadas depois de sofrer maus-tratos está à procura de um lar novo.
Atualmente, ele está na casa de um morador do bairro Santa Catarina, recebendo cuidados com a ajuda de outras pessoas.
O G1 apurou que, antes de ganhar uma casa provisória, o antigo tutor o deixava solto pelo bairro e não o tratava da forma como deveria. O animal precisou amputar a pata depois de ser agredido por ele.
“Quando o conheci, percebi que é um cão muito dócil, atento e obediente”, diz uma das pessoas que está ajudando o morador do bairro a cuidar do animal.
Bem-Estar Animal
De acordo com a diretora da Diretoria do Bem-Estar Animal (Dibea), o órgão não possui abrigo municipal, fator que impossibilita a realização de retirada de animais em situação de rua.
“Os animais trazidos pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Ambiental, que foram atropelados ou sofreram algum acidente ou de extremo maus-tratos, eles são atendidos emergencialmente”, afirma.
Segundo Karol, os animais de protetores independentes cadastrados no Dibea também tem apoio de atendimento veterinário.
“Quem desejar fazer denúncias de maus-tratos aos animais deve entrar em contato pelo e-mail. Os moradores também podem registrar presencialmente após a pandemia passar”, explica.
Crime previsto em lei
De acordo com a constituição, pessoas físicas ou jurídicas que adotam condutas consideradas lesivas ao meio ambiente devem sofrer sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
A constituição determina o dever do Poder Público de proteger a fauna e de coibir os atos que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
A lei define o crime de maus-tratos da seguinte forma: “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.
Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
A pena para maus-tratos a animais é de três meses a um ano de prisão e multa. Em caso de morte do animal, a punição pode ser aumentada de um sexto a um terço.
Entretanto, por ter pena baixa, o crime não recebe como regra a privação de liberdade. São impostas penas alternativas, como por exemplo: multa, prestação de serviços à comunidade, dentre outras.
Fonte: G1