Café mais caro do mundo é feito com cocô de animal preso até à morte

Você já deve ter ouvido falar por aí de um tipo de café – o Kopi Luwak – que é feito com grãos da bebida ingeridos e processados pelo organismo das civetas, um tipo de gambá selvagem. Ou seja, o café é feito com o coco desse mamífero asiático pouco conhecido no Brasil.
Sabe-se lá como pesquisadores descobriram que o processo de digestão desses animais libera enzimas que dão um sabor especial à bebida. O quilo da bebida pode chegar a custar R$ 14.700.
O problema é que, para a produção da “iguaria”, o bichinho precisa ser confinado e alimentado, exclusivamente, com grãos de café. Na natureza, eles têm uma dieta diversificada que inclui pequenos roedores, insetos e frutas.

Por isso, a organização World Animal Protection está promovendo uma campanha pelo fim do comércio do Kopi Luwak feito a partir de civetas em cativeiro. A proposta é que o café seja feito apenas do coco de Civetas livres. Até o momento, pelo menos 13 atacadistas em países como Reino Unido e Holanda removeram o café de civeta de suas prateleiras.
Segundo o Dr. Neil D’Cruze, pesquisador da World Animal Protection: “As civetas são animais noturnos. Elas são capturadas e mantidas em gaiolas pequenas simplesmente para atrair turistas curiosos, que querem ver como o café é feito”. A verdade é que o modo de produção do café mais caro do mundo deixa um gosto amargo na boca de muita gente.
Café do Jacu segue mesma dinâmica, mas sem aprisionamento
No Brasil, temos um café que segue a mesma lógica do café das Civetas. Tudo começou na fazenda Camocim, em meados dos anos 2000, na cidade de Domingos Martins, interior do Espírito Santo. Nessa época, os donos da propriedade travavam uma luta para espantar os pássaros Jacu que adoravam comer os frutos do café.
Com o tempo, eles perceberam que, assim como as civetas, os jacus defecavam os grãos do café inteiros, aproveitando apenas a polpa e a casca do grão e eliminando-o intacto. Inspirando-se no processo de produção do Kopi Luwak, os produtores fizeram um teste usando os grãos expelidos do Jacu. Descobriram que as enzimas digestivas do pássaro também conferiam um sabor delicioso ao café. Hoje, o café do Jacu também é comercializado por um valor, pelo menos seis vezes, mais alto que o cafés comuns.
A diferença é que os cafeicultores brasileiros utilizam apenas as fezes, naturalmente, deixadas pelos pássaros embaixo das plantações de café. Nada de cativeiro, até mesmo porque o Jacu é considerado “espécie em risco de extinção”.
Fonte: Itatiaia