Cão abandonado em ilha que sofre com avanço do mar é resgatado após 2 dias de viagem no Amapá
Um cachorro com corte profundo no pescoço atacado por larvas foi resgatado após ser abandonado pelo tutor no Arquipélago do Bailique, região onde os moradores sofrem com o avanço da água salgada, no Amapá. Uma dupla de protetores saiu da cidade na noite de sábado (23), viajou de barco por 12 horas até a região, fez o resgate do animal, e chegou só na manhã de terça-feira (26) em Macapá. Foram pouco mais dois dias para trazê-lo para a capital.
Uma professora da comunidade fez uma postagem nas redes sociais pedindo socorro para o cachorro. A solicitação foi atendida pelo grupo Ajuda Animal, coordenado pela estudante Jessica Ferreira, de 25 anos.
Os moradores da comunidade relataram à professora que o animal ficava preso em uma coleira e por isso desenvolveu um corte profundo no pescoço, que infeccionou e passou a apresentar larvas e odor muito forte. O tutor soltou o cão e o abandonou, segundo relatos.
Jessica tentou enviar remédios para o animal, mas, sem sucesso, resolveu ir até o distrito resgatar o cão. Ela e o voluntário Victor Hugo Fernandes contataram o caso à prefeitura, que autorizou a viagem gratuita no barco que levava ajuda humanitária para os moradores da região, no fim da noite de sábado (23).
“O cachorro foi maltratado durante tanto tempo numa coleira e depois o dono soltou, e além de ter visto o caso do pescoço dele, ele o abandonou, só que isso foi agravando e quando a gente recebeu a denuncia da professora, ela estava clamando socorro, então eu resolvi ir lá”, disse Jéssica.
O caso ocorreu em meio a situação crítica que a região passa em função da salinização do Rio Amazonas. Além dos moradores, os animais domésticos também passam sede e outras dificuldades por não poderem consumir as água naturais.
“Eu fui em um período tão complicado que é esse da salinização da água. Lá não tem luz, não tem sinal de telefone, falta comida e água que é o básico. Uma criança me pediu água porque estava sem tomar desde o dia anterior”, contou a estudante.
A dupla chegou na região só no domingo (24) e encontrou o animal muito ferido, com fome e sede, coberto de galhos de plantas, sujeira e a ferida exposta. Jessica detalhou que as pessoas ficavam a mais de 2 metros de distância do cachorro por conta do odor forte.
Após fazer o regaste, Jessica e Victor limparam a ferida e fizeram o curativo com produtos levados da capital, e aguardaram o retorno do barco da prefeitura. Após dias de viagem, eles chegaram em Macapá na manhã de terça-feira (26). Uma mobilização começou a ser feita para custear o atendimento.
“A gente fez parte do curativo no barco, foi difícil porque as pessoas ficaram achando desagradável, mas depois que a gente fez o curativo as pessoas foram se sensibilizando. O odor estava demais grande, ninguém conseguia chegar perto do animal”, contou.
A situação do cão é delicada e ele deve ser internado por 2 dias a partir desta quarta-feira (27) onde serão aplicados medicamentos e acompanhamento.
A estudante realiza uma “vakinha virtual” para custear o tratamento. Interessados em ajudar podem enviar qualquer valor para o PIX: 9698122-1064.
Por Núbia Pacheco
Fonte: G1