Cão que teve 50% do corpo queimado e estava em coma morre por infecção generalizada: ‘Não deu tempo’

Cão que teve 50% do corpo queimado e estava em coma morre por infecção generalizada: ‘Não deu tempo’
Filhote teve metade do corpo queimada e estava internado em Santos, SP. Foto: Arquivo Pessoal

A cadelinha que foi levada para atendimento veterinário já em coma, após ter 50% do corpo queimado, não resistiu a uma infecção generalizada e morreu, em Santos, no litoral de São Paulo. A informação foi confirmada pela ONG Viva Bicho nesta quinta-feira (5). A instituição estava responsável pela internação do filhote, e tinha uma equipe de profissionais tentando reverter o quadro de ‘Esperança’, nome dado durante o atendimento. 

A família que era responsável pela cadela informou à reportagem que o incidente ocorreu há cerca de uma semana. Conforme o relato, a cachorrinha caiu dentro de uma bacia com água quente colocada no chão para tratamento de dores menstruais.

“Minha filha tem endometriose, fez uma cirurgia e faz tratamento para as dores durante a menstruação. Por orientação médica, ela esquenta água para fazer compressas. Ela colocou uma bacia com água quente do lado da cama dela. A cachorrinha estava dormindo, e ela foi até o banheiro”, conta. Quando a jovem voltou, a cachorra estava dentro da vasilha.

“Assim que minha filha viu, tirou, e sem saber, colocou debaixo da torneira para avaliar”, diz. Ainda segundo a ex-dona, no outro dia, a cachorra só apresentava vermelhidões, e a família foi a uma veterinária na esquina de casa, que passou antibióticos para cuidar em casa, o que a mulher alega que a família estava fazendo. “Do nada, a cachorra piorou, e minha filha foi procurar a ONG”, explica.

A protetora Angela de Jesus Bandeira, de 56 anos, responsável pela instituição, relata que a jovem enviou uma mensagem a ela pelo WhatsApp, pedindo ajuda para a cadelinha. A protetora conseguiu o transporte para o animal e foi buscá-lo na quarta-feira (4), marcando uma consulta na Viva Bicho. “Mas, vimos que não era caso de consulta, e sim, de internação”, diz.

Informações trocadas

Segundo a protetora, o caso causou comoção em toda a equipe. “Quando estava em contato com a tutora, fui informada que o filhote estava daquele jeito há mais de uma semana . Depois, disseram que o animal já estava, na verdade, com o corpo queimado há duas semanas. Ficamos chocados, porque o ser humano, se sente dor, já procura o hospital, e o animal, indefeso, teria que ser da mesma forma. A pessoa precisa ter consciência de que você não ter condições de cuidar de um animal não é pecado, o erro é se omitir e não procurar ajuda para ele”, destaca.

Ao ser questionada sobre a situação, a ex-tutora informou ao G1 que a filha dela se confundiu ao falar as datas.

“Isso do acidente aconteceu há cerca de uma semana, minha filha que se confundiu na hora e disse que não se lembrava, que achava que tinha sido duas semanas”, alega. Ela ainda afirmou que a filha procurou atendimento na organização, mas, por entender que teria que pagar as diárias da internação, pensou que não teria possibilidade de manter a cadela internada, já que não tem condições financeiras.

“Fomos informados de que as diárias eram caras, e que depois a gente veria como pagar. Mas, como não temos condições, como vamos fechar um pacote de mais de R$ 1 mil, sendo que não temos condições mesmo depois de bancar? Então, não é negligência”, diz a mulher, que prefere não se identificar.

ONG postou sobre o ocorrido nas rede sociais. Foto: Reprodução/Instagram
ONG postou sobre o ocorrido nas rede sociais. Foto: Reprodução/Instagram

Não resistiu
 
A assessora de comunicação da ONG Viva Bicho, Leila Abreu, explicou que o filhote chegou em coma à instituição, devido ao quadro infeccioso grave. A ONG chegou a adquirir pele artificial para o filhote. “A temperatura dela estava baixíssima. Eu acho que a dor que ela passou fez com que ela perdesse as forças. Era um bebê, o coraçãozinho não aguenta a dor”, afirma.

Ainda de acordo com Leila, a equipe usou as medicações mais sofisticadas para tentar salvar Esperança, mas nada adiantou. “Durante a madrugada, o pessoal ainda saiu para comprar um remédio para ajudar a manter a temperatura, mas não deu. Não conseguimos combater a infecção, não deu tempo”, relata.

Para ela, a demora no atendimento configura negligência e omissão de socorro. “Não existe justificativa. Aqui em Santos e em São Vicente, tem atendimento de graça. Não precisava de dinheiro para tratar”, finaliza.

Fonte: G1

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