Caso chocante em Ibiúna (SP) gera apenas multa para responsáveis por canil

Caso chocante em Ibiúna (SP) gera apenas multa para responsáveis por canil

A proprietária de um canil particular localizado no bairro Rio de Una, em Ibiúna, P.R., de 51 anos, e seu ex-funcionário R.S., de 35, foram condenados na manhã de quarta-feira (18) a pagarem multa de R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente, pela acusação de abandonarem cães em condição de miséria.

O caso aconteceu em março desse ano e chocou milhares de pessoas. O resultado do julgamento não agradou diversas protetoras de animais, que fizeram um protesto e pediram uma punição mais severa aos envolvidos. “A condenação já é alguma coisa, mas não é possível essas pessoas serem responsáveis por uma atitude tão terrível dessa e apenas pagarem uma multa. Fui no local no dia do resgate e pude comprovar a situação horrível que os animais se encontravam. Choro todos os dias só de lembrar desta cena”, conta uma protetora que preferiu não se identificar.

Na época, o caso ganhou repercussão nacional com as imagens de animais mortos de fome e outros que só sobreviveram por terem se alimentado da carcaça dos já falecidos.

Lecir Eveline, 35 anos, esteticista e presidente do OPA! – Organização dos Protetores de Animais de Ibiúna – esperou com mais algumas pessoas em frente ao Fórum durante o julgamento com faixas e cartazes manifestando contra a violência com os animais. Em seguida, o grupo percorreu algumas ruas da cidade em protesto por uma pena mais severa para casos de maus-tratos aos animais.

Segundo ela o trabalho deles como ONG são conscientizar as pessoas sobre o cuidado com os animais por toda a cidade. “Quando a casos como este, nós ficamos em cima e cobramos para que a justiça seja feita”, declara a presidente do OPA.

Proprietária nega maus-tratos

P.R. disse em entrevista ao Jornal do Povo que na verdade não era um canil, mas um espaço que ela tinha para os cachorros dela. “O canil nunca ficou largado, porque eu sempre dei alimentação, sempre paguei de tudo”, afirmou a proprietária.

Ela conta que estava mudando de casa e por fazer o tratamento com seu filho depois de descobrir autismo delegou a função de cuidar do canil para, até o momento da denúncia, seu funcionário.

“Se eu não confiar por um mês ou um mês e pouco em um funcionário que prestava serviços para mim durante seis anos, para que ele cuidasse do que ele tem que cuidar é complicado”, declara ela, alegando inocência.

Não conseguimos entrar em contato direto com R., mas segundo pessoas que falaram com o mesmo na saída do Fórum, ele se arrepende e aceita que a justiça foi feita.

Relembre o caso

Em março deste ano, pelo menos quatro cães foram encontrados mortos em um canil particular localizado no bairro Rio de Una, em Ibiúna. Haviam no local seis animais ainda vivos, mas debilitados sem comida ou água a pelo menos dois meses. No local haviam carcaças que serviram de alimento para os animais que haviam sobrevivido, segundo a Zoonoses da Prefeitura.

Na época P.R. havia alegado inocência por não saber da situação, pois a responsabilidade do canil seria de um funcionário, que deveria cuidar dos bichos. As cenas fortes e chocantes flagradas por fotos e vídeos dos animais mortos chocaram a população pelas redes sociais.

Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, os vizinhos começaram a sentir cheiro forte, semelhante à de bichos mortos. Como não viam movimentação de pessoas há um bom tempo, resolveram entrar no canil para ver o que estava ocorrendo.

“Foi uma das cenas mais tristes que já vi na minha vida. Havia carcaças de animais para todo lado e os que ainda estavam vivos, se encontravam bastante debilitados e ficaram desesperados com a nossa chegada. Quando demos água e ração para os mesmos, eles faltaram comer até a panela”, contou na época um morador que foi o primeiro a entrar na propriedade.

Sobreviventes voltam para o mesmo canil

Assim que foram resgatados, os animais que sobreviveram foram levados para o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Ibiúna, onde receberam tratamento veterinário e se recuperaram. Entretanto, não estavam mais em condições de permaneceram no local e foram encaminhados novamente para o mesmo canil onde foram encontrados em situação de abandono. Só que desta vez, a pessoa que alugou o espaço para a antiga proprietária, se comprometeu em cuidar dos cães, até que o processo judicial seja concluído. Entretanto, fontes que preferiram não se identificar, informaram que tudo não passou de uma manobra para que P.R. retomasse os cães, uma vez que seria ela quem estaria bancando rações e demais despesas dos animais, o que causou revolta de vários protetores. “Não é possível que depois de tudo que aconteceu, a mesma proprietária volte a ter contato com esses cães que já sofreram tanto nas mãos dela. Vamos ficar em cima e fiscalizar para saber se realmente os cães estão sendo bem tratados”, declarou uma protetora.

Tanto os dois acusados, quanto o Ministério Público, ainda podem recorrer da decisão.

Por Samuel Araújo – Jornal do Povo

Fonte: Jornal Coria Agora

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