Centro de reabilitação de animais enfrenta dificuldades durante pandemia em São Roque, SP
O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) de São Roque (SP) está precisando de ajuda durante a pandemia.
O espaço abriga animais silvestres feridos, vítimas de tráfico ou doentes, que lá recebem tratamento para serem devolvidos à natureza.
O centro de reabilitação, localizado no meio da Mata Atlântica, surgiu como um núcleo para receber estudantes da cidade, mas a interação do homem com a natureza e a cidade fez o projeto crescer.
“A ideia inicial era um núcleo de pesquisa e extensão em fauna e flora. Era tirar os alunos do ambiente acadêmico, ter a possibilidade desse contato na prática com a natureza, com a fauna e com a flora local. E aí nós começamos a receber muito pedido de ajuda com animais que sofreram algum problema e não tinham amparo. Então, nós começamos a nos mobilizar e viabilizamos essa ideia do Cras”, explica o biólogo e diretor do Cras, Rafael Mana.
No ano passado, mais de 1.500 animais silvestres foram levados ao centro de reabilitação por moradores, bombeiros e policiais. Todos têm histórias de maus-tratos, atropelamento, tráfico e vários outros crimes. Antes viviam em ambientes inadequados e agora eles têm a chance de voltar para casa.
Como é o caso da arara canindé resgatada em Mairinque (SP), que viveu muito tempo em cativeiro de forma ilegal e não consegue mais voar. Uma coruja orelhuda teve as duas asas amputadas depois de ser atingida por tiros, enquanto uma outra coruja, a suindara, foi atingida por linha de pipa.
Aproximadamente 300 animais vivem no centro de reabilitação em São Roque. São bichos que chegaram de várias cidades do estado e passam por um processo de adaptação.
Um deles é a Safira, uma fêmea de veado catingueiro que passou um tempo sendo cuidada por uma família em Itu (SP) e, por isso, é bem dócil. Agora está sendo monitorada para saber se tem a possibilidade de voltar à natureza, já que acabou se acostumando a receber cuidados.
Os animais que não têm chance de sobreviver na natureza são encaminhados para associações adequadas.
O Cras é um espaço particular fechado para visitantes. A despesa mensal de até R$ 8 mil é bancada pelos cursos de especialização dados aos estudantes, mas, por causa da pandemia, as aulas presenciais foram suspensas, e o centro pode deixar de receber animais por falta de recursos.
“Chegam animais todos os dias com as maiores necessidades, grandes cirurgias, grandes intervenções necessárias e tratamentos bastante caros. A gente não ganha absolutamente nada com isso. São profissionais de ponta, são profissionais renomados no Brasil inteiro em medicina veterinária, em biologia, todos voluntários. O nosso único pagamento é fazer esse tratamento e poder devolver o animal para a natureza, em condições, porque devolver o animal é fácil, mas devolver o animal para a natureza em condições para ele sobreviver, se manter e de ele perpetuar a espécie…”, completa Rafael Mana.
No primeiro ano de atividade, em 2018, o Cras recebeu cerca de 380 animais. Já no ano passado foram mais de 1.500.
Para doar, basta entrar em contato com o Cras pelo e-mail [email protected], pelo telefone (11) 99726-0291 ou pela página no Facebook.
Vídeo: Centro de reabilitação de animais precisa de ajuda em São Roque.
Fonte: G1