Chácara onde 33 pit bulls foram achados com sinais de maus-tratos é de ex-modelo e empresária
Os 33 cães da raça pit bull resgatados em situação de maus-tratos, em Itu (SP), eram da ex-modelo e empresária da cidade Paula Sacchi, que também é dona chácara de onde os animais foram retirados e levados para ONGs. A informação foi confirmada à TV TEM pelo advogado de defesa dela, Wilson Muscari.
Segundo Wilson, a empresária alega que havia alugado o espaço para um peruano que foi preso durante a operação contra rinha internacional de cães, em Mairiporã (SP), mas que não sabia que os animais estavam em situação de maus-tratos.
Ainda segundo o advogado, a ex-modelo tentará recuperá-los e transformar a área em um abrigo.
Paula é descendente de italianos e viveu por 16 anos na Itália. Atualmente, ela é proprietária de um restaurante especializado em comida italiana na cidade.
De acordo com a Polícia Civil, o caso continua sendo investigado e a empresária será ouvida na delegacia nos próximos dias.
17 horas de resgate
Os animais foram retirados por representantes de ONGs da capital e do interior na terça-feira (17), após 17 horas de força-tarefa. Os voluntários também levaram galinhas, bodes, cabritos e cavalos que estavam na chácara.
Os cães serão castrados, vermifugados, vacinados e os mais debilitados passarão por exames. Depois de recuperados, todos ficarão em quarentena para que os veterinários observem o comportamento antes da adoção.
A fiel depositária dos cães é a ONG Associação Vida Animal, que distribuiu os 33 animais em lares temporários da região. Eles estão em São Roque, Campinas, Mairinque, Mairiporã, Peruíbe, Itu e São Paulo.
Vídeo: Cães resgatados em situação de maus-tratos eram de empresária de Itu.
Maus-tratos
Anabolizantes, medicamentos, uma esteira adaptada para treinamentos e até uma piscina usada para o condicionamento dos cães foram encontrados na chácara em Itu.
De acordo com a polícia, há indícios de que os cachorros eram alimentados com restos de outros animais silvestres, que também eram criados na propriedade, como bodes e gambás.
Vídeos mostram que os cães ficavam espalhados e acorrentados em espaços separados. Quando a polícia chegou ao local, eles estavam magros, doentes e com fome. Como algumas casinhas estavam vazias, a polícia suspeita que os animais estavam sendo retirados do local.
Os policiais que participaram da operação não têm duvidas de que os cães viviam em condições de maus-tratos e eram usados em rinhas, segundo o investigador Bruno Ceccolini.
“Observamos que havia animais trancafiados no fundo, muito doentes, animais com cicatrizes recentes, que são sinais de que eles haviam brigado. Observamos uma estrutura de alvenaria, que é uma rinha”, explicou.
Investigação
A defesa do peruano não foi localizada para falar sobre o caso. No entanto, segundo a investigação, ele estava entre os 41 presos no fim de semana.
O suspeito e outras 39 pessoas foram ouvidos e liberados e vão responder em liberdade por associação criminosa, maus-tratos a animais e jogo de azar. Só o organizador da rinha continuava preso. A pena para esses crimes pode passar de cinco anos de prisão.
Imagens de câmeras de segurança devem ajudar a polícia na investigação sobre a movimentação no endereço.
Em nota enviada à TV TEM, a prefeitura afirmou que o local não tem registro para funcionamento. A defesa do peruano não foi localizada para falar sobre o caso.
Por Carlos Dias
Fonte: G1