Ciclone em SC destrói recintos e mata espécimes em Centro de Triagem de Animais Silvestres

Ciclone em SC destrói recintos e mata espécimes em Centro de Triagem de Animais Silvestres
Espaço conta com 52 recintos para abrigar os animais e, por conta do ciclone, nem todos estão capacitados para acolhê-los — Foto: Instituto Espaço Silvestre/Acervo

A passagem de um fenômeno conhecido como “ciclone bomba” semana passada no Sul do Brasil não gerou danos apenas para a vida de seres humanos. Os mais de 400 animais cuidados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina sofreram com os efeitos das chuvas torrenciais, dos ventos de altíssima velocidade e dos cortes de energia provocados pelos estragos.

O CETAS-SC é administrado pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) com cogestão do Instituto Espaço Silvestre. Localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, é a única unidade do estado capaz de recepcionar, avaliar e recuperar animais silvestres oriundos do tráfico, de atropelamentos ou encontrados distantes de seus habitats.

Muitas caixas usadas para manter animais no ambulatório, transportar recém chegados ou filhotes foram perdidas com o ciclone — Foto: oto: Instituto Espaço Silvestre/Acervo

Os danos provocados pela passagem do ciclone vão desde a perda de medicamentos e alimentos refrigerados que serviam de alimentos para aves de rapina e carnívoros, até a morte de alguns indivíduos mais vulneráveis. “As aves foram nossas perdas mais substanciais. Algumas delas estavam em gaiolas que quebraram e voaram. Outras estavam em recintos onde árvores caíram em cima”, explica a bióloga Vanessa Kanaan, diretora técnica do Instituto Espaço Silvestre.

Apesar de ainda não conseguir quantificar todas as perdas, a especialista esclarece que, perto do tamanho da destruição, o número de mortes foi pequeno e metade dos animais que havia fugido, pôde ser recuperada. “Conseguimos resgatar até uma das aves que estava se afogando em poças formadas pela chuva”, conta.

Quedas de árvores dificultaram o acesso de pesquisadores ao Centro de Triagem de animais Silvestres — Foto: oto: Instituto Espaço Silvestre/Acervo

O fenômeno ainda colocou em risco a vida de espécies ameaçadas ou completamente extintas. É o caso do papagaio-de-peito-roxo, um animal que voltou a aparecer no Parque Nacional das Araucárias (SC) após o sucesso do trabalho do Instituto Espaço Silvestre. O Centro também concentra famílias de bugios, animais que já se encontram extintos na Ilha de Santa Catarina há mais de 150 anos e, durante a pandemia, até tinham se reproduzido no local.

Papagaios-de-peito-roxo eram recorrentes em Santa Catarina até que a captura ilegal e o desmatamento reduziram drasticamente o número de aves — Foto: Gabriel Brutti / Acervo Pessoal

O CETAS-SC, nos últimos meses, sofreu também com os efeitos de diversos incêndios provocados no Parque Estadual do Rio Vermelho, muitos deles por ações humanas. O impacto do fogo gerou até a possibilidade de evacuação de todo o Centro por conta da fumaça.

A bióloga reforça que embora os impactos do “ciclone bomba” tenham deixado prejuízos, nenhum animal passa fome, já que os pesquisadores conseguiram reaproveitar os alimentos que estavam no fundo dos freezers. Mesmo assim, doações podem ajudar a repor suprimentos perdidos pelo Instituto Espaço Silvestre. “Estamos precisando de doações tanto monetariamente quanto, para quem estiver próximo, de caixas de transporte, caixas plásticas, materiais de limpeza”, explica a Diretora da ONG.

“Ciclone bomba” causou perda de medicamentos, quebra que equipamentos e desabastecimento de produtos de limpeza em Centro de Triagem de Animais Silvestres em SC — Foto: Instituto Espaço Silvestre/Acervo

 
A primeira forma de ajudar é manter o apoio e a energia positiva. Por mais que a gente se mantenha forte e unido, é muito difícil vivenciar esse dia a dia. Receber mensagens de carinho, saber que acompanham nosso trabalho e ver pessoas preocupadas nos fortalece
— Vanessa Kanaan (diretora Inst. Espaço Silvestre)

Fonte: G1

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