Cidade italiana à caça de um crocodilo que fugiu do circo

Cidade italiana à caça de um crocodilo que fugiu do circo

Mas como que um crocodilo consegue escapar do circo? A ironia não passou desapercebida, mas a história dos animais “desaparecidos” de um circo em um resort em Orosei, na costa leste de Sardenha, na Itália, tem mais um caso dramático. O circo que “perdeu” o jacaré (diferente do crocodilo porque é menor), o circo Martín, segundo informações de La Nuova, já foi denunciado várias vezes por abuso contra animais. O animal desapareceu no último 19 pela manhã, enquanto arrumavam as tendas, e suspeitam de duas opções: ou o animal conseguiu escapar ou foi liberado por ativistas pelos direitos dos animais.

O que gera dúvidas sobre o modus operandi do circo, entretanto, não é o fato de que Martín argumentou que o jacaré foi roubado, o que abriria procedimentos para a compensação pelo seguro. Para mostrar o lado grotesco da história, que deixa claro como é inútil, perigoso e desumano manter animais em circos, a prefeitura de Orosei publicou no Facebook: “Fomos comunicados a denúncia do roubo de um CROCODILO (em maiúsculas no post original) do circo atualmente em Sos Alinos. Não sendo capaz de confirmar com certeza o roubo, estamos considerando também a hipótese da fuga dos animais. Convidamos a população a prestar especial atenção e reportar qualquer suspeita à polícia”, escreveu a administração.

O jornal I Carabinieri dela Stazione di Olbia confirmou que o animal desaparecido é um jacaré de um metro e meio, nascido em cativeiro. A polícia, um eficiente grupo da seção de Proteção Florestal, Ambiental e Agropecuário, que em repetidas ocasiões colaborou com as associações para a recuperação das espécies exóticas, estima que um jacaré nascido em cativeiro dificilmente consegue sobreviver em um habitat estranho. Isso se o animal não tiver sido assassinado.

Nas redes sociais, entretanto, a declaração do prefeito de Orosei, Nino Canzano, acabou virando piada. Ele disse que “significa que ainda não houve nenhuma apreensão”, que “o alarme foi dado tarde” e que “até o momento não houve nenhuma notícia, porque ninguém conhece os hábitos do animal”, “onde encontra-lo não é fácil”. Depois, o prefeito afirma que a eleição do município é “para proibir os circos com animais” e que no último ano foi negada a autorização para dois circos, mas este ano esse “escapou”. Como o crocodilo, é irônico.

A fuga, ou o roubo, ou a morte do jacaré confirma uma dúvida sobre o funcionamento de circos com animais. Como muitas organizações fazem campanha contra, as atividades circenses se encontram em sérios problemas financeiro devido à mudança da sensibilidade do público. Alguns ainda pensam que é aceitável ir ver animais forçados em pequenas jaulas e obrigados a comportamentos que não tem nada a ver com sua natureza. Por isso, a maioria dos circos não possuem os recursos econômicos não somente para garantir o bem-estar dos animais, mas também sua segurança.

O feito de que o jacaré tinha sido “roubado” enquanto estavam desmontando as jaulas e tendas, indica, no mínimo, uma falta de controle. Não é permitido o acesso de qualquer pessoa às jaulas dos animais perigosos. No passado, muitos auditores que proibiram os circos com animais sinalizaram que não é aceitável ter animais perigosos perto de zonas residenciais.

Por Carlo Verdelli / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: TYN


Nota do Olhar Animal: Além dos maus-tratos e abusos inerentes, os circos são inseguros para animais e mesmo para o público. Fugas são frequentes (e o abate dos animais fugitivos também), isso quando não ocorrem ataques a domadores e ao público.

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