Cientistas inventam testes de neurotoxinas letais sem uso de animais

Testes em animais não serão mais necessários para pesquisar um grupo de neurotoxinas letais, graças a uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Queensland, na Austrália.

O professor Bryan Fry, do Venom Evolution Lab, disse que uma nova técnica poderia substituir métodos convencionais para testar neurotoxinas de paralisia, que previamente exigiam a eutanásia dos animais usados nos testes.

“O método antigo, apesar de ser extremamente eficiente, é limitado por ser lento e exigir a eutanásia dos animais para conseguir obter o tecido necessário”, Dr. Fry disse.

“Nosso novo método usa sondas óticas mergulhadas em uma solução contendo as toxinas e medimos a ligação a essas sondas – o fator crítico – analisando mudanças na luz refletida”.

“Isso irá reduzir o número de animais usados para o teste, mas também possui significantes implicações biomédicas”.

Testar e verificar as neurotoxinas que causam paralisia não é somente crítico para pesquisa de antídotos, mas também para o tratamento de uma grande quantidade de doenças e condições médicas”.

“A equipe agora pode – sem o uso de animais – rastrear venenos para atividades não-alvo que podem ser relevantes para o desenvolvimento de novos fármacos, ajudando a tratar todos os tipos de doenças”, Dr Fry disse.

“Por exemplo, nós mostramos que o veneno de uma víbora do templo possui uma reatividade cruzada incomum para o receptor humano alpha-5, que é o principal alvo para condições como colite e fumo”.

“Quem sabe quais outros tratamentos em potencial os venenos do mundo podem ter – estamos empolgados para descobrir”.

A tecnologia se baseia no desenvolvimento de peptídeos sintéticos que correspondem aos receptores dos nervos, que dizem para os nossos músculos contraírem”.

“Neurotoxinas, encontradas no veneno de muitas espécies de cobras, causam paralisia ao se ligarem aos receptores neurais em nossos músculos, impedindo o processo químico de ligação que naturalmente ocorrem em nossos corpos quando nos movemos”, Dr Fry disse.

“É isso que faz com que um rato não fuja de uma cobra depois de ter sido picado”.

“Já que os venenos se ligam aos peptídeos sintéticos mais vigorosamente do que aos nervos humanos, estamos investigando também um novo tratamento para picada de cobra, usando esses peptídeos como ‘chamarizes’”.

“O veneno se ligaria a eles ao invés de seu alvo original no sistema nervoso no corpo humano”.

“Ainda não temos um efetivo antídoto para muitas espécies de cobras mortais, então estas aplicações podem ajudar nesta necessidade crítica”.

“Isto ressalta a flexibilidade desta nova técnica e o motivo pelo qual estamos tão empolgados com este avanço”.

Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: Science Daily

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