Cinomose mata cerca de 150 cães em quatro meses em Castilho, SP

Cinomose mata cerca de 150 cães em quatro meses em Castilho, SP
A informação foi dada esta semana pelo médico veterinário da Prefeitura, Fernando Luís Jorge. | Foto: Roni Willer

A falta de imunização de cães com a vacina (AV-10), somada à possível desatenção em não conferir as carteiras de vacina veterinária, vem contribuindo para um surto de cinomose que já matou aproximadamente 150 cachorros, desde fevereiro deste ano, em Castilho. A informação foi dada esta semana pelo médico veterinário da Prefeitura, Fernando Luís Jorge.

A cinomose é uma virose que ataca cães jovens e outros animais carnívoros e é de grande letalidade, afetando órgãos respiratórios com febre e secreções purulentas e também o sistema nervoso. Jorge alerta que a doença – que não tem cura – é transmitida pelas vias respiratórias e fica mais forte em ambientes seco e frio. O veterinário afirma que toda semana recebe vários chamados para sacrificar animais doentes. “Isso me dói demais.”

Durante a reportagem, Regiane da Silva França, 36 anos, dona da border collie Neguinha, de 3 anos, pediu o sacrifício do animal. Segundo ela, a cadela apresentou os sintomas há cerca de 15 dias. Ela tentou tratamento, porém não resolveu e por ver o animal sofrendo optou pelo sacrifício. “Ela travou, está deitada, sua boca nem abre”, comenta.

MORTE

Outro caso ocorrido na semana passada foi com uma basset, de 2 anos, que também precisou ser sacrificada. “99% dos animais contaminados não sobrevivem. Nossa cidade já tinha casos, porém com números anuais de no máximo 40. Até agora, nesses quatro meses, os números mais que triplicaram e isso preocupa muito”, alerta o profissional.

A cinomose ataca cães principalmente em seu primeiro ano de vida, e pode também infectar animais mais velhos, que por alguma razão não tenham sido imunizados anteriormente, ou que por alguma doença esteja com o sistema imunológico debilitado. Ela pode atingir vários órgãos e é altamente contagiosa. O vírus sobrevive por muito tempo em ambiente seco e frio e pode durar até três meses no local após a retirada do portador. Mas é sensível ao calor, luz solar e desinfetantes comuns.

TRANSMISSÃO

A transmissão ocorre por contato direto com outros animais já infectados (por secreção do nariz e boca), ou pelas vias respiratórias, pelo ar contaminado ou por objetos que já tiveram contato com o portador da cinomose.

Dentre os sintomas apresentados nos cães estão a perda de apetite, corrimento ocular e nasal, diarreia, vômito e debilidades nervosas (tiques, convulsões e paralisias), dificuldade de respirar e febre. Se o sistema imunológico estiver baixo, ele pode vir a óbito.

A doença se apresenta em fases, podendo pular uma delas eventualmente. Inicia-se pela fase respiratória (pneumonia e secreção nasal purulenta – pus) e ocular (secreção ocular purulenta, ou remela em grande quantidade).

VACINA

Não existe tratamento para acabar com a virose. A melhor forma de prevenir é a vacinação – são três doses quando filhote, aos seis meses de idade, e depois uma dose anual.

Por Roni Willer

Fonte: Folha da Região


Nota do Olhar Animal: São raras as iniciativas do Poder Público no combate a doenças dos animais que não sejam zoonoses, ou seja, que não sejam transmissíveis aos seres humanos. Como são os caso da cinomose e da parvovirose. Os Centros de Controle de Zoonoses (CCZs), por definição, ocupam-se majoritariamente daquelas que afetam os humanos e, por isso, vemos como importante que a criação de órgãos, especialmente em nível municipal, que atuem exclusivamente com o foco nos animais não humanos.

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