Colômbia: charretes famosas puxadas por cavalos em Cartagena colonial são consideradas ‘maus-tratos a animais’

Colômbia: charretes famosas puxadas por cavalos em Cartagena colonial são consideradas ‘maus-tratos a animais’
Agora não se sabe se os animais seriam retirados de seu ofício tradicional na Cidade Amuralhada.

Fabio Arzuza, um cocheiro tradicional que está no ofício há 36 anos, nega isso e salienta que os cavalos da meca turística da Colômbia, a Cartagena colonial, “estão em boas condições”. No entanto, os protetores dos animais fizeram eco dos maus-tratos a que os cavalos estão expostos nesta “profissão”.

Arzuza assegura que conseguiu sustentar sua família graças a este negócio e diz que se seus cavalos lhe forem tirados, “eles vão matá-lo na hora”. “Onde vamos trabalhar? Quem vai responder por nossa família?”, ele se questiona.

A ativista dos direitos dos animais da Associação de Proteção Animal do Distrito, Fany Pachón, afirma que “não se pode brincar com a saúde dos animais, se houver 44 animais doentes é necessário substituí-los”, referindo-se aos animais que a Procuradoria descobriu serem muito idosos para trabalhar.

Pachón garante que os cavalos são submetidos a “horas de trabalhos forçados, mais do que podem fazer em um dia, não têm boa alimentação, são magros” e “onde estão amarrados, apresentam alguns ferimentos”.

A ativista acredita que os “agressores de animais” reincidentes devem ser penalizados e sua permissão para conduzir as charretes deve ser retirada.

Tudo isso ecoou na Procuradoria-Geral da República: “os cavalos não estão em condições de trabalhar”. O recente relatório assegura que mais de 40 cavalos, que transportam turistas, estão acima do limite de idade para o serviço, apresentam desnutrição e frequências cardíacas “acima dos valores normais” devido à jornada extenuante de trabalho.

O recente relatório assegura que mais de 40 cavalos, que transportam turistas, estão acima do limite de idade para o serviço. Foto: EFE
O recente relatório assegura que mais de 40 cavalos, que transportam turistas, estão acima do limite de idade para o serviço. Foto: EFE

Entretanto, agora não se sabe se os animais seriam retirados de seu ofício tradicional na Cidade Amuralhada. Enquanto isso, por 60.000 pesos, casais ou “viajantes” recebem um “passeio” de meia hora pela cidade histórica e pelo Campanário de Santa Catalina de Alejandría.

Tradução de Ana Carolina Figueiredo

Fonte: Colombia


Nota do Olhar Animal: A ameaça de matar os cavalos deveria ser o suficiente para que os animais fossem tirados da sua tutela e o charreteiro processado. No mais, essa ameaça escancara a forma como estes exploradores de animais veem os bichos e dá indícios de como são tratados. Regulamentar a exploração de animais para tração é uma tentativa vã de agradar os charreteiros e protetores dos animais. E acaba por não atender os interesses de qualquer um deles e muito menos os dos animais, que continuam a ser explorados e vitimados pelos maus-tratos. A embocadura, por exemplo, é a origem de sérios problemas. Vide matéria abaixo. Os ganhos com a exploração dos cavalos nunca são suficientes para manter o charreteiro e sua família e, ao mesmo tempo, propiciar as condições mínimas de sobrevivência para o animal (boa alimentação, assistência veterinária frequente, suplementos, etc.). Por outro lado, manter os charreteiros nesta atividade é condená-los a uma vida miserável. Lamentavelmente, eles mesmos acreditam que essa é a única forma de sobreviverem e, para atrapalhá-los, são insuflados por seus pseudo-defensores (comumente políticos oportunistas) a resistir. A experiência, por exemplo, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde a tração animal foi substituída pela elétrica, melhorou significativamente a qualidade de vida dos charreteiros. Hoje, o líder dos charreteiros é um dos grandes defensores do fim da tração animal e atesta essa melhoria de condições de vida para si e sua família, inclusive conseguindo desfrutar de férias, algo impensável nos tempos da tração animal. A tração animal têm que ser banida e não regulamentada.

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