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Como biólogo desvendou caça de quase R$ 1,6 bi na Amazônia no último século

  • 10 de novembro de 2016
Como biólogo desvendou caça de quase R$ 1,6 bi na Amazônia no último século
Peles de jaguar, lontra gigante, lontra neotropical e jaguatirica em um curtume de Manaus na década de 1950 (Foto: Biblioteca Virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Foi o boca a boca em comunidades locais da Amazônia que chamou a atenção de André Antunes há oito anos. Depois, a descoberta de caixas e mais caixas em uma biblioteca da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) espantou o biólogo. Tudo isso levou Antunes a desvendar a morte de 23,3 milhões de animais que renderam US$ 500 milhões (quase R$ 1,6 bilhão, em valores corrigidos) em caça durante parte do século 20 na região. Foram milhares de peixes, ariranhas, jacarés, porcos-do-mato, veados, queixadas e onças.

A história iniciou-se em 2008, quando ele participava de uma ONG que trabalhava com gestão de recursos no Amazonas. O biólogo começou a escutar de locais, principalmente dos mais velhos, conversas sobre a “época da fantasia”. Tal expressão faz referência a nada menos do que o período áureo da caça comercial na região para extração de pele e couro dos animais.

O papo dos habitantes de comunidades deu um estalo no biólogo. A ideia de descobrir o tamanho do rombo da caça na região, contudo, barrava na falta de informações da época. Foi então que uma conversa com um professor de antropologia da Ufam mudou os rumos do trabalho: ele comentou sobre um acervo documental da maior empresa do ciclo da borracha que foi doado para a Ufam.

Não havia nada sistematizado, só estava catalogado por temas. Era uma documentação histórica, só papel, toneladas e toneladas. Eu sou biólogo, quase virei as costas. Como gosto de história, passei o dia inteiro lá, mas não achei nada. Na última meia hora abri uma caixa e vi relatórios de viagens de barcos comerciais”André Antunes

Os relatórios caíram como uma bomba na pesquisa de André. O nível de detalhamento mostrava que os barcos continham manifestos de cargas com tudo que entrava e saía da embarcação. Entre os dados, peles de animais. Desde então foram mais três anos amadurecendo a ideia e mais alguns em pesquisas em diversas bibliotecas, já que a maior parte do material da época se perdeu.

Um comércio bilionário

A pesquisa culminou em um projeto de doutorado do especialista em fauna da ONG WCS Brasil, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Universidade de Auckland (Nova Zelândia) – o pesquisador conseguiu o apoio da universidade estrangeira graças a uma bolsa conseguida pelo Ciência Sem Fronteiras.

A neozelandesa Rachel Fewster, inclusive, teve papel fundamental para ajudar na modelagem de dados. O estudo, publicado na Science Advances, estima que 23,3 milhões de animais foram caçados para a extração de suas peles entre 1904 e 1969, rendendo US$ 500 milhões em valor já convertido para os dias atuais.

Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Manaus, Amazonas.

Stand com peles de animais caçados na Amazônia na Feira de Exposição de Bruxelas, em 1911 (Foto: Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Manaus, Amazonas)
Stand com peles de animais caçados na Amazônia na Feira de Exposição de Bruxelas, em 1911 (Foto: Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, Manaus, Amazonas)

O Brasil proibiu a caça de animais apenas em 1967, mas brechas permitindo o comércio de peles armazenadas e a baixa fiscalização facilitaram a caça ilegal até 1975. A lei contra crimes ambientais de 1998 também ajudou a amenizar a caça, mas a prática segue ocorrendo até hoje.

Recentemente, ocorreu no Pará a maior apreensão de onças esquartejadas para venda e provavelmente destinadas ao comércio internacional. “Eu acho que dependendo do tipo de comercialização deveria ter maior fiscalização. Quando o comércio entra em jogada, a caça muda de escala, mas também existe o caçador de subsistência, que é qualquer homem da Amazônia. Se você criminaliza esta pessoa, criminaliza o principal ator das unidades de conservação criadas.”

Só a ponta do iceberg

Uma coisa é certa para os pesquisadores: o número da pesquisa retrata apenas o mínimo de animais mortos pela caça. Em primeiro lugar, porque o estudo diz respeito apenas aos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Além disso, contabilizam apenas animais que foram devidamente documentados.

Foi o mínimo que morreu. Isso é o que foi taxado em alfândega ou secretaria de fazenda. Era conhecido que tinha muita pele contrabandeada, tinha imposto muito alto. Tinham diversos animais que devem ter morrido pela caça e não tiveram a pele extraída. Ou peles estragadas que não foram comercializadas. Todos esses tipos de erros não estão na conta”André Antunes

Os mais atingidos

De acordo com a pesquisa, os animais aquáticos sofreram mais do que os terrestres durante o período. Isso porque os aquáticos eram mais alcançáveis pelos caçadores – os terrestres podiam se embrenhar pela mata e fugir. Os efeitos ao ecossistema, contudo, podem ter envolvido até o colapso de alguns animais por períodos.

“Além da perda do próprio indivíduo, perde a função que ele realiza na mata. O que seria perder uma onça, o que aconteceria com as presas dela? Cada animal tem inúmeras funções no ecossistema. O impacto está por conhecer. Tem relato de que houve lugares que a ariranha chegou a desaparecer, em outros jacaré-açu diminuiu bastante”, afirma Antunes. Para ele, a preocupação agora deve ser com o desmatamento, que elimina o habitat natural dos animais.

“O que foi perdido de animais na Amazônia com o desmatamento é muito maior do que esse número [da caça analisado por ele]. Se você desmata, não tem floresta para recompor.”

Por Gabriel Francisco Ribeiro

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