Confundido ao alimentar cão de rua, empresário é ofendido nas redes sociais após suposto envenenamento

Confundido ao alimentar cão de rua, empresário é ofendido nas redes sociais após suposto envenenamento
O empresário Fabrício Dantas diz que foi ofendido e até ameaçado de morte após fake news em Ribeirão Preto, SP. — Foto: Reprodução/EPTV

Vítima de fake news, o empresário Fabrício Dantas conta que foi ofendido e até ameaçado de morte, depois que um vídeo onde aparece alimentando um cachorro na calçada, em Ribeirão Preto (SP), foi confundido com um gesto de maldade. As imagens foram compartilhadas na internet, como se Fabrício estivesse envenenando o animal.

Vídeo: ‘EPTV na Escola’: O prejuízo das Fake News.

“Minha vida virou um inferno”, desabafa. “Colocaram minhas imagens em um grupo de WhatsApp e tinha uma moça dentro desse grupo que jogou no Facebook, montando um texto cruel, errôneo, me difamando, me agredindo moralmente e me ameaçando”, relembra.

A confusão só foi esclarecida depois que Fabrício procurou o dono da loja cujas câmeras de segurança registraram a ação e obteve o contato da mulher que espalhou o vídeo na internet. Com um boletim de ocorrência nas mãos, o empresário conseguiu o direito a uma retratação.

“Recebi ameaças de morte, de violência, xingaram minha família, falaram que iam me matar, entre outras coisas piores. Eu me senti mal, porque uma pessoa que cuida de animais há 15 anos, tenho animais desde criança, tenho amor, nunca esperava por isso”, diz.

Fabrício diz que o mal-entendido ocorreu em abril, após o almoço em um restaurante próximo à produtora onde trabalha, na zona Sul de Ribeirão. O empresário conta que tinha o hábito de deixar os restos de comida para os cães de um andarilho que mora no bairro.

“Abri o paninho, coloquei o rolinho primavera e coloquei água para o cachorro tomar. Não reparei, mas tinha um pouquinho de leite e a água ficou turva. Isso chamou a atenção das pessoas, achando que eu estava envenenando ele”, afirma.

A fake news virou caso de polícia e Fabrício conseguiu provar que o cachorro, conhecido como “Menino”, estava vivo. Policiais militares também foram ao local e, segundo o empresário, comprovaram que a água esbranquiçada no potinho não se tratava de veneno.

“O erro da pessoa foi se precipitar”, destaca. “Muitas mentiras repetidas viram verdade, acabam se materializando. O pensamento se materializa e tem peso. Então, uma mentira muitas vezes contada acaba virando verdade, mesmo não sendo”, conclui.

O empresário Fabrício Dantas diz que foi ofendido e até ameaçado de morte após fake news em Ribeirão Preto, SP. — Foto: Reprodução/EPTV

Câmera de segurança registrou Fabrício Dantas colocando comida a cão de rua em Ribeirão Preto. — Foto: Reprodução

Discussão

A história vivida por Fabrício ilustra o tema do concurso de redação EPTV na Escola, promovido pela afiliada da TV Globo: “Quando a mentira parece a verdade”. Estudantes das regiões de Ribeirão, Campinas (SP), São Carlos (SP) e do Sul de Minas Gerais podem participar.

O jornalista e especialista em mídias digitais Eduardo Soares explica que as “fake news” refletem a conectividade e são motivadas pelo próprio envolvimento das pessoas com o assunto. Além disso, a maioria do conteúdo compartilhado tem apelo emocional.

“Eu nem vou checar essa informação, nem vou tentar achar a fonte original, se é verdade, ou não, mas vou disseminar. Então, tem uma relação emocional comigo. Eu acredito naquilo e quero que seja verdade, de alguma maneira, e vou enviar para frente de qualquer jeito”, diz.

Fabrício Dantas passeia com o cão ‘Menino’ em Ribeirão Preto. — Foto: Reprodução/EPTV

Soares destaca que, apesar de as pessoas acharem que estão anônimas na internet, ou mesmo “protegidas” por um perfil em rede social, não é difícil serem identificadas e podem responder criminalmente pelas atitudes que cometem na web.

“As pessoas acham que ali pode falar o que quiser, da maneira como quiser, que é a sua rede social, que é seu espaço, mas, na verdade, não é. É um espaço público de informações, onde você pode, inclusive, praticar um crime. Isso envolve, sim, sanções da lei, como qualquer outro tipo”, conclui.

O cão ‘Menino’ vive com andarilho na zona Sul de Ribeirão Preto. — Foto: Chico Escolano/EPTV

Fonte: G1

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