Conheça a ilha em que 750 gatos vivem sozinhos

Conheça a ilha em que 750 gatos vivem sozinhos

Conforme a lenda, nos anos de 1950, uma família tentou ocupar a Ilha Furtada, em Mangaratiba, município da Costa Verde, no estado do Rio de Janeiro, 8 km fora do continente. O grupo teria levado alguns gatos para morarem no local, mas a experiência não deu certo e eles voltaram a morar no continente. No entanto, os bichanos ficaram para trás.

Com o passar dos anos, eles se reproduziram no local e, longe do ambiente urbano, muitos se tornaram selvagens. No ano de 2012, foi estimado que viviam cerca de 250 gatos na ilha.

Oito anos depois, em 2020, a Subsecretaria de Proteção e Bem Estar Animal do Estado do Rio de Janeiro (Supan) informou que moram mais de 750 gatos na ilha.

Além disso, a área virou um ponto para deixar os animais descartados pelos seus donos. Vale lembrar que o ato é considerado crime ambiental e pode ter pena de detenção de três meses a um ano, assim como multa.

Por causa desse cenário construído ao longo dos últimos 70 anos, a Ilha Furtada ficou conhecida como a Ilha dos Gatos.

A Ilha dos Gatos

Foto: Histórias do Mar
Foto: Histórias do Mar

No ano de 2020, o portal R7 relatou que lendas e mistérios contribuíram para a história da Ilha dos Gatos. Além disso, alguns moradores de Itacuruçá, distrito de Mangaratiba, afirmaram que não iriam ao local porque tinham medo.

No entanto, a protetora de animais Joyce Puchallski, responsável pelo grupo de ativistas Coração Animal, não possui o mesmo sentimento. Por causa dela, e de outros voluntários, que vão ao local cuidar dos animais, a situação dos bichanos não está pior.

Em locais estratégicos, os voluntários improvisam abrigos e colocam reservatórios de ração. Até mesmo o sistema de captação de água da chuva foi feito pelos voluntários, com o objetivo dos gatos terem o que beber, já que a ilha não tem fonte de água potável.

Ainda no mês de julho, um grupo de ativistas, com a ajuda de um artesão local e o patrocínio de pequenos empresários locais, construiu casinhas de madeira que foram colocadas na ilha. Com isso, durante o inverno os gatos terão onde ficar protegidos.

Problemas da ilha

Foto: Histórias do Mar
Foto: Histórias do Mar

De acordo com a protetora Joyce Puchalski, na ilha não tem água, comida ou habitantes, e os gatos estão isolados. “Nós todos sabemos as dificuldades e as maldades que estão acontecendo por lá.”

Um outro problema provocado pela população de gatos na ilha é o desequilíbrio da fauna local. Isso porque as capivaras, cutias, pacas, lagartos e aves migratórias dividem o espaço com uma grande quantidade de gatos, causando um desajuste na cadeia alimentar.

Em relação à comida, os felinos comem ovos e filhotes de pássaros. Enquanto os lagartos se alimentam dos felinos. Essa é uma cadeia alimentar incomum na natureza e no sistema da ilha. Como explica Rose Viviane Costa, a veterinária da Subsecretaria de Proteção e Bem Estar Animal, isso ocorre porque os bichanos não deveriam estar na ilha.

“São animais que foram largados à própria sorte e acabaram causando um mal estar pra eles, além de se tornarem um problema de saúde pública. Eles não são selvagens. Se tornaram selvagens diante da condição em que foram deixados”, informa.

O abandono e resgate dos gatos

Foto: Histórias do Mar
Foto: Histórias do Mar

O cenário descrito pela veterinária foi comprovado por Marcele Veloso, uma das protetoras de animais, que acabou sendo atacada por um dos gatos enquanto tentava resgatá-lo. O bicho acabou mordendo o dedo da ativista.

“Eu fui tentar pegar o filhote e claro que ele iria reagir. Sem querer, ele me mordeu. Eu amo os bichos e o que eu puder fazer por eles farei. Vou levar um desses filhotes para casa. Eu tenho 10 bichos em casa: hamster, gato, cachorro… eu já levei até um cavalo para casa”, contou ao R7.

Devido à mordida no dedo, Marcele foi levada a uma unidade médica da região para receber vacina antirrábica.

A situação dos gatos que habitam a Ilha também preocupa a Proteção e Bem Estar Animal do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com a titular da pauta, Karla de Lucas: “Há necessidade de a gente reduzir essa quantidade castrando esses animais. Eles precisam de cuidados, precisam de uma adoção”.

Os gatos isolados na ilha se tornaram ariscos e até mesmo selvagens. Com a falta de convívio humano e com comportamento diferente do gato doméstico, eles evitam contato com qualquer pessoa e preferem ficar na mata fechada.

Os poucos gatos resgatados pelos veterinários foram levados para o continente. No local, eles recebem tratamento e logo depois um novo lar. Os que são adotados, provavelmente, não voltarão para a Ilha dos Gatos.

Por Nathalia Matos

Fonte: R7 via Fatos Desconhecidos

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