Cresce o número de animais abandonados em Ribeirão Pires, SP

Cresce o número de animais abandonados em Ribeirão Pires, SP
Veterinário diz que o resgate de animais se tornou uma luta desumana (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Dados da Uipa – União Internacional Protetora dos Animais – revelam que aumentou em 400% a procura de animais para adoção durante o período de isolamento social, na pandemia. Acontece que apesar da grande procura, muitas pessoas que adotaram animais também se arrependeram da decisão e optaram pelo abandono, o que refletiu na elevação do número de animais em abrigos e nas ruas.

Exemplo é a atual situação na região central de Ribeirão Pires, onde os moradores declaram preocupação com o número crescente de animais, em sua maioria cachorros, sem tutoria, e que vivem nas ruas da cidade. Uma parcela de munícipes diz se preocupar também com a segurança dos animais que vivem próximo ao Terminal Rodoviário. No local, há cachorros que correm atrás das motos e chegam a morder alguns motociclistas, que agridem os animais.

Nas redes sociais, uma moradora que preferiu não se identificar expõe a indignação ao encontrar um grupo de seis cachorros deitados em uma calçada. “O que fazer quando existe tanta gente irresponsável que os abandonam? Protetores e ONGs (Organização Não Governamental) estão lotadas, além da casa de amigos que já lotamos também. Precisamos de ajuda para ajudar estes animais”, diz.

O motoboy Allan César Siqueira, morador do Parque Aliança, conta que certa vez chegou a ser mordido na canela por um destes animais abandonados, mas declara nunca ter feito nada contra os pets. “Eles não tem tutoria ou alguém para ensiná-los o que é certo ou errado. A Prefeitura poderia tomar uma providência e arranjar um abrigo para eles, ou inclui-los nas feiras de adoção. Mas não está certo quem agride”, diz Siqueira ao lembrar que outros dois amigos também já foram vítimas dos cães. “Mesmo assim ninguém fez nada contra os cachorros, só evitamos passar por ali à noite, porque sabemos o perigo rsrs”, brinca com a situação.

Conscientização

Em entrevista ao RD, o médico veterinário Jefferson Vilela alerta que o resgate de animais de rua, com o passar dos anos, se tornou uma luta desumana, isto porque mesmo resgatando uma grande número de animais, outras tantas pessoas abandonam os bichinhos. “Os abrigos estão lotados de animais de rua e nada e nem ninguém consegue conter este crescimento da população de bichos abandonados”, diz.

Vilela acredita que, além da adoção de animais, um ato mais importante é conscientizar as pessoas de que animais não são descartáveis. “Outros países, como a Colômbia, estão erradicando animais de rua com programas de castração, implementação de chips e, principalmente a conscientização da população. No Canadá, não existem animais vivendo nas ruas porque existem programas sérios para ter um animalzinho, são pequenas ações que ajudariam a diminuir este número alarmante no Brasil”, ressalta.

Questionada, a Prefeitura de Ribeirão Pires diz não possuir dados de quantos animais vivem nas ruas atualmente, mas afirma que realiza campanhas regularmente contra o abandono de animais, além da aplicação de multas para quem abandona os pets. A administração também promove feira de adoção mensal, todo último final de semana do mês, na tentativa de encontrar guarda responsável para os animais.

A cidade realiza também campanhas de castração regulares, que acontecem por meio do castramóvel, que está em período de férias e volta a funcionar dia 23 de agosto. O equipamento já realizou 1.503 operações em 2022 e chegará em 2500 até o final do ano.

Ações no ABC

Santo André oferece gratuitamente, aos proprietários de cães e gatos, com idade mínima de 4 meses a esterilização cirúrgica. Essa estratégia de controle da população de animal visa o controle da propagação de zoonoses de relevância para a saúde pública. Em 2019 foram realizadas 3.420 castrações, em 2020 foram realizadas 3.570 e em 2022, até o momento, foram registradas 3.044 castrações.

Em São Bernardo as denúncias de abandono e maus tratos são tratadas na Delegacia de Investigação de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma), no Centro de Operações Integradas (COI). Já quem tiver interesse por adotar um animal vermifugado, castrado e vacinado, pode acessar o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) (saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/animais-para-adocao).

A previsão é que até setembro seja instalado o 1º Hospital Veterinário de São Bernardo nas dependências do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que será responsável por zerar a fila de castrações, com capacidade para 500 consultas e 400 castrações por mês. Além do novo hospital veterinário, São Bernardo tem serviço de castração itinerante, por meio do Castramóvel.

O Programa de Saúde e Bem-Estar Animal, em São Caetano, realiza diariamente castrações de cães e gatos. Para acessar o programa, o tutor deve fazer um cadastro no e-mail [email protected], informando nome, endereço e telefone para contato, além de nome, idade, peso aproximado, sexo e raça do animal. No ano pré pandemia foram castrados 121 cães e 179 gatos, enquanto em 2021 foram castrados 245 cães e 506 gatos.

Já Diadema tem uma feira de adoção de pets prevista para 28 de agosto no Shopping Praça da Moça, das 13h às 17h, na Praça de Eventos do Shopping. Também está prevista uma campanha de castração em parceria com as Secretarias da Saúde e do Meio Ambiente, que está em fase de licitação. Os detalhes ainda não foram divulgados.

Mauá e Rio Grande da Serra não se manifestaram até o fechamento da reportagem.

Por Beatriz Gomes

Fonte: Repórter Diário

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