Crianças se mobilizam para ajudar cães abandonados em Juiz de Fora, MG

Crianças se mobilizam para ajudar cães abandonados em Juiz de Fora, MG
A ação organizada pelo grupo de amigos foi abraçada pelo Canil Municipal em Juiz de Fora. — Foto: Tamara Lis/Arquivo pessoal

Movidos pelo desejo de ajudar a cães abandonados de Juiz de Fora, um grupo de crianças se mobilizou em sala de aula para uma campanha de arrecadação de ração, que terminou na última sexta-feira (6) com a doação dos produtos a uma cuidadora de 10 cães e 20 gatos, no Bairro São Geraldo. 

A ideia começou com Thomás Umbelino Stephan Tavares, de sete anos, que sonha em ser veterinário e poder ajudar ainda mais os animais.
Ele conta que montou o “SOS Pets”, um grupo de amigos que tem como objetivo garantir além de alimentos, um lugar de moradia para os animais abandonados.

A ideia ganhou ainda mais força, quando o colégio Granbery, em que eles estudam, realizou a semana literária e apresentou como uma das atividades a vida dos animais que vivem em situação de abandono.

“A gente se reunia todo dia na biblioteca para montar a campanha. Estudar como a gente iria pedir, o que pedir, como achar o pessoal para entregar as doações. No início tinha mais gente participando, depois uns foram desistindo. Mas eu fiquei firme porque sabia que meus amigos me ajudariam a seguir. E deu certo, contou Thomás, feliz com o resultado.

Eles foram de sala em sala, pedir a participação de estudantes de outras turmas, distribuíram panfletos explicativos e, no final da feira de ciências do colégio, escolhido como ponto alto de arrecadação, retribuíram com doces a todos que deixavam suas doações.

Segundo a professora da turma do segundo ano do ensino básico, Thaís Alexim Guedes Coutinho, também é parte do papel enquanto educadora, apoiar e incentivar os alunos em uma formação integral.

“Nosso objetivo não é só transmitir conteúdos curriculares, mas também os valores morais e, principalmente, a conscientização de que pequenas ações podem contribuir para um mundo melhor. Neste ano, a campanha foi interna. Mas já temos a intenção de que em 2020 possamos ampliar o projeto na comunidade em torno da escola,” explicou.

Mãe de Davi, um dos participantes da campanha, Lúcia Regina de São José, ares, sentiu orgulho do filho, principalmente porque mesmo pequeno, ele já teve a iniciativa de participar de uma mobilização como essa. “Precisamos ensiná-los a lutar por aquilo que acreditam. E foi isso que fizeram. Acreditaram que com o SOS pets poderiam ajudar os animais e conseguiram,” comemorou.

“A ação é um alento para quem atua na causa animal, porque estamos semeando atitudes de solidariedade como esta. E, é ainda mais louvável porque foi realizada por crianças de pouca idade. Eles têm entre sete e oito anos. O que pode parecer comum para alguns, chama a atenção porque mostra que estamos diante de uma nova geração, mais atenta às necessidades do outro”, explicou a gerente do Departamento de Controle Animal (Decan) do Canil Municipal, Mírian Neder.

Maria de Fátima Leal Dias cuida de 20 gatos e 10 cachorros, no Bairro São Geraldo. — Foto: Tamara Lis/Arquivo pessoal

Foi Mírian que encaminhou as doações à aposentada Maria de Fátima Leal Dias, 59 anos, que vive em uma casa de aluguel acompanhada de 20 gatos e 10 cães, recebendo R$ 300 mensais.

Ela se disse abençoada com a ação das crianças do SOS Pets, porque está passando por muitas dificuldades financeiras e, por isso, não consegue acolher mais animais.

“Eu fiquei muito surpresa, porque não é comum que crianças tão pequenas tenham esse espírito solidário e façam ações como esta. Meus animais são tudo para mim. Essa ajuda veio em muito boa hora. Peço a Deus que estes meninos sirvam de exemplo para que outras pessoas possam continuar nos ajudando a cuidar desses nossos filhos de quatro patas, que muito merecem nosso respeito.”

Solidariedade desde pequeno

O engajamento em causas sociais voluntariamente é notável e uma característica de indivíduos que tiveram, desde cedo, uma formação que lhes levou à necessidade alheia de ser generoso.

Leila Guimarães explica que a criança consegue compreender seu papel enquanto cidadão solidário. — Foto: Tamara Lis/Arquivo pessoal

De acordo com psicanalista e doutoranda em Pesquisa Clínica em Psicanálise e professora universitária, Leila Guimarães, a solidariedade e empatia também são características das crianças.

Segundo ela, a criança sabe que precisa do outro para sobreviver. Existe essa relação de necessidade de alguém. Então quando se depara com um outro ser, seja ele uma outra criança ou um animalzinho indefeso, ela se coloca no lugar dele e se solidariza com a sua dor, com a sua necessidade. A criança tem a capacidade de compreender seu papel enquanto cidadão solidário.

“Há aquelas que querem levar o animalzinho para casa, há outras que se mobilizam como este grupo e se organizam para ações como esta, em prol do bem do outro. A criança parte do conhecimento da nossa própria fragilidade. E percebe que essa fragilidade, essa vulnerabilidade nos é inerente. Quando isso ocorre, ela então age desse modo e transforma a empatia em atitudes louváveis como esta. Devemos aplaudir ações assim e incentivar ainda mais. Isso nos faz ver que existe ainda esperança de um mundo muito melhor do que vivemos hoje”, explicou.

Por Telma Elisa 

Fonte: G1

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