De baleias a tartarugas: 6,5 mil animais marinhos foram resgatados no litoral de SC

De baleias a tartarugas: 6,5 mil animais marinhos foram resgatados no litoral de SC
Baleia foi encontrada encalhada em praia do Sul do Estado. – Foto: Nilson Coelho/Divulgação

Em outubro do ano passado, o resgate de um filhote de baleia cacholote-anão mobilizou dezenas de pessoas em Imbituba, no Sul do Estado. O animal, que encalhou na praia da Ribanceira, precisou de uma verdadeira “operação” para ser encaminhado ao CePram/R3 Animal (Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos), em Florianópolis.

Ela está entre os 6,5 mil animais encontrados nas praias catarinenses em 2020 pelo PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos).

Desses, 5.232 foram achados mortos e 1.268 estavam vivos, número 2.8% menor que os registrado em 2019, quando foram encontrados 6.694 animais – 5.864 mortos e 830 vivos.

O número é referente ao trecho do projeto que corresponde de Itapoá, no Norte do Estado, até Laguna, no Sul de Santa Catarina, e é divido em três grupos: aves (pinguins, gaivotas, biguá), mamíferos (leão-marinho, baleia, lobo marinho) e repetilia (tartarugas).

De acordo com André Barreto, biólogo e coordenador geral do PMP-BS Área SC/PR, apesar da queda, os números são considerados estáveis pelo projeto.

“É de se esperar que sejam diferentes. Existe essa variabilidade, que é natural, já que depende muito dos animais, da corrente de vento e da forma com que eles chegam até a costa”, explica.

Aves e região do Litoral Norte lideram ranking

As aves foram os animais mais encontrados na costa catarinense no último ano. Ao todo, foram 4.062 animais, sendo 2.952 mortos e 1.110 vivos. Em seguida vêm as tartarugas (2.058) e os mamíferos (380).

No que diz respeito à região, o trecho 5 – que corresponde as cidades de Araquari e Itapoá – foi a que registrou o maior número de animais encontrados: 1.640. A área também somou a maior quantidade de animais mortos, 1.339.

 

Maioria das mortes são naturais, diz biólogo

Apesar do número de animais mortos assustar, o biólogo diz que a maioria das mortes ocorrem de forma natural e, por conta disso, os animais acabam boiando e aparecendo nas praias catarinenses.

“Os animais vivem no ambiente marinho, então, em tese, eles vão morrer lá também. Para chegar na praia, eles morrem, entram em decomposição, emitem gases, o que os fazem boiarem, e chegam até a orla. Então, o que a gente recebe é só uma fração dos que morrem na água”, pontua.

Todo animal encontrado pelo projeto passa por uma necropsia para identificar a causa da morte e, em alguns deles, a intervenção humana é identificada. Um exemplo são casos que envolvem tartarugas e golfinhos, que quando interagem com redes de pesca, por exemplo, acabam se afogando.

“Mas a gente sabe que não é intencional do pescador. É algo acidental e que acaba matando os animais. Por isso, a gente precisa pensar em modos de gestão para que eles continuem trabalhando, mas sem matar os animais”, explica. 

Entre outras causas apontadas pelos pesquisadores está o lixo. Gaivotas recolhidas pelo projeto que apresentavam intoxicação tinham uma grande quantidade de dejetos no estômago.

“Também já vimos casos de atropelamento, animais com óleo nas penas, além de doenças que podem ser causadas por esgoto ou falta de alimento. Por isso, a gente sempre pede que as pessoas evitem jogar lixo nas praias ou evitem fazer outras ações que impactem diretamente na vida desses animais”, salienta.

Pinguins estão entre os animais resgatados na costa catarinense. – Foto: Nilson Coelho

E as baleias-jubarte?

No último ano, Santa Catarina foi palco da aparição de um animal que não é comum nas águas da região: a baleia-jubarte. Só em 2020, seis encalharam no Litoral catarinense.

Segundo Barreto, a situação ainda está sendo investigada pelo PMP-BS. Entre as hipóteses está a busca de alimento e a atividade humana.

“A espécie vem para a costa brasileira para reproduzir. São mais comuns no Sul da Bahia. Então, geralmente, quando elas estão migrando, passam longe da costa catarinense. Por isso estamos pesquisando esse fenômeno. para saber o que tem contribuído para a aparição das jubarte por aqui”, pontua.

Baleia foi encontrada na Praia Grande, em São Francisco do Sul. – Foto: Jean Dias

O que fazer quando encontrar um animal morto?

Caso encontre um animal morto ou debilitado na praia, a recomendação é que a pessoa entre em contato com a PMP-BS pelo telefone 0800 642 3341, ou com a fundação do meio-ambiente do município.

É importante que os banhistas e moradores evitem cuidar e se aproximar do animal para que não se assuste.

“Outra recomendação é não tirar fotos dos animais. Temos que lembrar que eles são selvagens, que se ele já está ali é porque não está se sentido bem. Então essas recomendações são bem importantes”, pontua.

Recomendação é de que as pessoas não tentem cuidar ou tirar fotos dos animais. – Foto: André Barreto/PMP-BS

Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras, de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

O programa tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre aves, tartarugas e mamíferos marinhos através do monitoramento das praias, do atendimento veterinário aos animais vivos e da necropsia nos encontrados mortos.

O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, e está dividido em 15 trechos. A Univali (Universidade do Vale do Itajaí) coordena a Área SC/PR.

Por Luana Amorim

Fonte: ND Mais

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