Dinamarca proíbe o abate para rituais religiosos e ministro diz que ‘os direitos dos animais vem antes de religião’

Após anos de campanhas, ativistas pelos direitos animais conquistaram um grande feito na Dinamarca. Anunciada na semana passada, e efetivada ontem (25.09), a nova lei proíbe o abate religioso de animais nos rituais das carnes Halal e Kosher. Criticada por líderes judaicos como um ato antissemita, a mudança foi encarada como “uma clara interferência na liberdade religiosa”.
Para que a carne seja considerada Kosher pela lei judaica, ou Halal pela lei islâmica, o animal precisa estar consciente na hora da morte. Ambos os rituais devem realizar o abate cortando a garganta do animal, prática considerada mais ‘humana’, pois o corte acelera a morte do animal e não prolonga seu sofrimento.
Em entrevista concedida ao canal dinamarquês TV2, Dan Jorgensen, ministro da Agricultura e Alimentos, defendeu a decisão do governo ao afirmar que “os direitos dos animais vem antes de religião”. Contrário à decisão, o rabino Eli Ben Dahan, vice-ministro de serviços religiosos de Israel, disse que o antissemitismo está dando as caras na Europa e está se intensificando nas instituições governamentais.
Opositores também afirmaram à TV Al Jazeera que a medida é uma clara interferência na liberdade religiosa, limitando os direitos dos muçulmanos e judeus de praticar sua religião na Dinamarca. Há, inclusive, uma petição para revogar a decisão do governo.
A proibição dividiu opiniões no país, principalmente após o ocorrido com a girafa ‘Marius’, que foi morta para ser servida como alimento aos leões do zoológico de Copenhagen. Para criticar a proibição, internautas utilizaram o Twitter para relacionar o abate da girafa com a mudança na lei. Frases como “Na Dinamarca é bacana abater uma girafa saudável na frente de crianças, mas um frango kosher/halal é ilegal” e “o mesmo país que abateu uma girafa em público para alimentar leões está banindo a carne Halal por causa dos procedimentos”, foram algumas das manifestações.
Ano passado, políticos na Grã-Bretanha disseram que não tornariam ilegal o abate religioso, apesar da “forte pressão” da RSPCA (Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra os Animais, em tradução livre).
Por Adam Withnall / Tradução de José Eduardo Droghetti Haddad
Fonte: The Independent