Do valor ou bem próprio

Se defendemos a vida e a integridade física e emocional de seres em condições vulneráveis ao dano, sofrimento, exploração e morte, e se incluímos animais e ecossistemas naturais no âmbito da moralidade, reconhecemos que há algo que não deve ser destruído. Seja lá o que for, o que não admitimos ver destruído é algo que possui valor.

Em geral, quando usamos o termo valor, fazemos referência a algo que pode ser quantificado. Além disso, se pode ser quantificado ou graduado, então requer um parâmetro qualquer segundo o qual possa ser medido.

Esse modo de entender o valor tem caráter instrumental. O valor instrumental, quando reconhecido, é referido a algo que, por sua vez, foi preliminarmente reconhecido como de valor. Algo tem valor, então, se puder ser referido a partir de outro valor qualquer. No caso do valor instrumental geralmente o valor de referência é o dinheiro, o afeto, a utilidade, e assim por diante.

Mas, quando dizemos que a vida e a integridade física ou emocional de um ser têm valor moral, não nos referimos àquele tipo de valor que só existe em função de outro valor qualquer. O conceito moral do valor não admite gradações, nem equivalências. Se alguma coisa tem valor moral, isso significa que em relação a ela se deve respeitar o princípio da não-maleficência, um termo genérico que abriga muitos imperativos negativos, tais quais: não matar, não aprisionar, não danificar, não embotar, não ferir, não destruir, não explorar etc.

Ao incluirmos animais não-humanos, ecossistemas naturais e plantas no âmbito da ética, estamos admitindo que a vida e a integridade de seus organismos e de suas mentes têm um valor que não pode ser calculado em termos de dinheiro, utilidade para interesses humanos, ou nossa afeição ou rejeição por eles. O valor que a ética visa preservar é um bem específico, próprio daquele ser incluído no âmbito da comunidade moral. Destruindo-se esse bem não se pode colocar outra coisa em seu lugar como compensação, ao contrário do que tem valor instrumental.

Quando um carro deixa de funcionar a contento, pode ser substituído por outro. Uma vida, quando destruída, não é compensada jamais por outra vida. Ter valor inerente, portanto, é ser sujeito do próprio bem, ainda que a avaliação de tal bem não seja possível para a inteligência dos agentes morais. Nossa vida tem valor inerente, do mesmo modo que o tem a vida de uma planta ou de um animal. Se perdida, nada a substituirá.

Fonte: ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais


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