‘É uma gratidão saber que eu consegui salvar vidas’, diz voluntária que atua como ‘anjo da guarda’ de animais em situações de risco

‘É uma gratidão saber que eu consegui salvar vidas’, diz voluntária que atua como ‘anjo da guarda’ de animais em situações de risco

O salvamento de animais domésticos e silvestres em situações de risco, vítimas de acidentes ou de incidentes, o que inclui até mesmo os maus-tratos, é considerado uma “missão de vida” para a fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi, integrante do Projeto São Francisco de Assis de Proteção dos Animais, que reúne voluntários, em Tupi Paulista (SP).

Depois de resgatarem os bichos ameaçados, os voluntários os encaminham a uma clínica médica veterinária particular, tratamento que pagam do seu próprio bolso.

Quando se tratam de animais silvestres, a Polícia Militar Ambiental é comunicada para levá-los até centros especializados de atendimento.

Já os bichos domésticos, como cães e gatos, são destinados à adoção.

“Sinto como missão em minha vida e é o que me motiva a salvar vidas. É uma gratidão saber que eu consegui salvar vidas”, diz ela.
 

“Porque quem faz esse trabalho é como porta-voz para eles. Somos os que escutam o choro e os atendem, os salvam”, salienta a fisioterapeuta, de 36 anos.

Seriema em estado grave
 
A história mais recente da voluntária com o salvamento de um animal silvestre envolve uma seriema, que foi vítima nesta semana de atropelamento no trecho de uma estrada vicinal próximo a São João do Pau d’Alho (SP) e sofreu fraturas ósseas.

Joisiany conta que um amigo que passava pelo local no momento do acidente avistou uma pessoa segurando a ave e pedindo socorro, o que o fez entrar em contato.

Conforme Joisiani, a ave foi levada até ela, em Tupi Paulista, e de lá acabou encaminhada para uma clínica médica veterinária, em Dracena (SP), já que apresentava sinais de fraturas na perna esquerda.

Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar seriema atropelada. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida

A médica veterinária Bruna Fernanda Barbosa conta que um exame de raios-x constatou que o animal silvestre, de 2,5 quilos, tinha três fraturas na perna esquerda.

“Ela chegou em estado grave. Nós estabilizamos o local das fraturas e medicamos, pois a clínica veterinária não é centro de referência para atendimento de animais silvestres”, explica Bruna.

Ainda conforme a médica veterinária, a ave precisou ficar dois dias internada no local e, na quinta-feira (13), foi levada pela Polícia Militar Ambiental para o Centro de Especialidades de Animais Silvestres, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araçatuba (SP).

Joisiany salienta que a seriema passa bem e está sendo nutrida com alimentos à base de proteínas, como carne, ovo e ração, para o fortalecimento do seu quadro de saúde para a realização de uma cirurgia ortopédica prevista para ocorrer na próxima segunda-feira (17).

Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar seriema atropelada. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida

Porte imponente
 
Ave típica do Cerrado, a seriema (Cariama cristata) tem porte imponente e cauda longa. O bico e as pernas, vermelhos, contrastam com a plumagem cinza-amarelada. A crista, de 12 centímetros de comprimento, é formada por um tufo de penas longas.

A ave mede 70 centímetros e pesa, pelo menos, 1,5 quilo.

Para diferenciar os jovens dos maduros, basta atentar-se aos olhos: acinzentados nos adultos e amarelado nos jovens.

No período reprodutivo, nidifica em pouca altura ou em árvores de até cinco metros, onde deposita dois ovos branco-rosados.

Durante cerca de 30 dias, os pais se revezam para chocar os ovos.

Comum em campos sujos e pastagens, a ave pode ser vista em casais ou junto de pequenos bandos.

De hábitos diurnos, alimenta-se de insetos e vertebrados, como cobras e roedores. O canto, que mais parece uma risada longa, pode ser ouvido a um quilômetro de distância. À noite, escolhe árvores altas para dormir.

Conhecida como sariema no Ceará, a espécie está presente em todo o Brasil, exceto em áreas fechadas da Floresta Amazônica.

Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar seriema atropelada — Fotos: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida

‘Anjo da guarda’
 
Ainda envolvendo animais silvestres, Joisiany resgatou há duas semanas um tatu, perto da casa de uma amiga dela, em Nova Guataporanga (SP). Segundo a fisioterapeuta, o animal havia sofrido queimaduras devido ao ateamento de fogo em uma plantação de cana-de-açúcar e se deslocado para a cidade.

Outro caso em que ela atuou foi o resgate de um gambá, que, segundo Joisiany, teria sido vítima de uma pedrada, que lhe havia causado ferimento em um dos olhos.

Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar gambá. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida

“Eu me sinto como um anjo da guarda, sim, porque a gente que faz esse trabalho atende, escuta eles. A gente é porta-voz, a gente briga por eles, a gente denuncia quando tem de denunciar, a gente recolhe, a gente devolve a dignidade deles diante dos maus-tratos, para tratá-los bem para irem para a adoção. A gente reabilita esse animal, a gente resgata”, afirma Joisiany.
 

“Acredito, sim, que todo mundo que faz esse trabalho, sem ter algo em troca, porque a gente não tem nada em troca, a gente faz de coração, somos anjos por isso. Porque a gente não tem nenhum benefício material por trás disso, a não ser a paz com a gente mesmo. A gratidão de dormir sabendo que hoje a gente ajudou uma vida. Quando a gente não salva, a gente ainda dá a dignidade pelo menos da morte para aquele animal. A gente não negligencia nenhum”, conclui a voluntária.

Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar gambá. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida
Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar tatu. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida
Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar tatu. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida
Fisioterapeuta Joisiany Ceber Anselmi ajudou a salvar tatu. — Foto: Joisiany Ceber Anselmi/Cedida

Por Carlos Volpi

Fonte: G1

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