‘Eles estavam bem, correndo’ diz dona de abrigo onde 59 cães morreram no sábado em Ribeirão das Neves, MG

‘Eles estavam bem, correndo’ diz dona de abrigo onde 59 cães morreram no sábado em Ribeirão das Neves, MG
Foto: Uarlen Valério/ O Tempo

Amparada por amigos, a dona do Lar Temporário Entre Latidos e Miados, localizado no bairro Quintas do Jacubá, em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte, Cláudia Araújo, chora ao ver os corpos dos mais de 50 cães mortos por um suposto envenenamento. O crime teria ocorrido durante a transferência dos animais da antiga sede do abrigo em Ribeirão das Neves, para a nova, em Contagem.

“Eu levantei de manhã, dei comida para eles como faço todo dia. Eles estavam bem, correndo. De repente, por volta meio dia, eles começaram a brigar, próximo a um muro, onde estávamos construindo canis. Atrás desse muro tem um lote vago. Como eu tinha dado ração, achei que eles estavam comendo a ração, não vi que tinham pegado outra coisa”, conta Cláudia Araujo.

Em seguida os cães foram divididos em vans e carros de amigos para serem transportados para a nova sede. No meio do caminho, segundo a proprietária do abrigo de cães, os animais começaram a passar mal. “Depois que nós saímos de lá, uns 20 minutos depois, os cães começaram a passar mal. Achei que era normal, porque cão enjoa e vomita quando anda de carro. Quando a gente chegou aqui eles já estavam vomitando e evacuando sangue. A gente tentou socorrer, dei carvão ativado para todos, fiz massagem cardíaca, mas infelizmente eu não consegui salvar eles”, conta Cláudia Araújo visivelmente emocionada com a perda dos animais.

Ela conta que a maioria dos cães eram dela. Todos recolhidos da rua. Dos que eram dela, apenas dois sobreviveram. Outros cães pertenciam a pessoas engajadas na causa animal que deixavam os animais sob os cuidados do lar, pagando um valor mensal. Entre os tutores está o deputado estadual Osvaldo Lopes (PSD), que tinha 11 cães no lar.

“Dentre os 59 cães assassinados 11 eram meus. São cães resgatados. Animais que no dia a dia a gente recolhe das ruas em sofrimento, leva para a clínica veterinária, cuida, na esperança de inseri-los futuramente em um lar que lhe deem amor, carinho e segurança. Aí vem uma pessoa e comete um ato tão cruel quanto esse”, lamenta.

O parlamentar, que tem ajudado no transporte dos animais para uma faculdade particular onde os corpos serão necropsiados revelou que está oferecendo uma recompensa para quem der informações que levem aos suspeitos do envenenamento dos animais. “Quem souber, pode denunciar de forma anônima no 181. Pode ligar no nosso gabinete, no telefone (31) 2108-5440, pode ligar na Delegacia Especializada de Meio Ambiente. Eu vou recompensar com R$ 2.000 quem der informações desse bandido que matou os animais”, completou o deputado.

Em nota, a Sejusp esclareceu que o Disque Denúncia 181 não trabalha com sistema de recompensa, já que não é possível identificar o denunciante por meio do serviço – todas as denúncias recebidas pelo canal são anônimas. “A fala do parlamentar com relação a uma possível recompensa é, portanto, de sua responsabilidade”, explicou a pasta.

Perícia

Os trabalhos periciais sobre a morte dos cães foram iniciados na tarde desse domingo (15) pelo médico veterinário e professor da faculdade UniBH, Aldair Pinto. Ele conta que há um convênio entre a faculdade e a Polícia Civil para atuação nesses casos. Os corpos, inclusive, vão passar por necropsia na própria faculdade.

“A gente está tentando produzir a maior quantidade de prova de que isso seja um crime. Temos uma grande quantidade de animais que morreram da mesma maneira. Os animais apresentam sinais que condizem com o quadro de intoxicação ou de possível envenenamento”, explica Aldair Pinto.

Os corpos vão ser levados para o laboratório da faculdade onde vão passar por necropsia. A expectativa é de que os resultados saiam de 20 a 30 dias. A Polícia Civil informou que um procedimento já foi aberto para investigação e ficará a cargo do segundo Departamento de Polícia Civil de Contagem.

Atualizada às 13h52.

Por Bruno Menezes e Lara Alves

Fonte: O Tempo

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