Em 6 anos, 67 onças-pardas são atropeladas em rodovias de São Carlos (SP) e região, diz levantamento

Em 6 anos, 67 onças-pardas são atropeladas em rodovias de São Carlos (SP) e região, diz levantamento
Onça-parda atropelada em rodovia de São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV

Um levantamento feito por um pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) contabilizou 67 onças atropeladas entre 2012 e 2017 nas estradas que ligam São Carlos, Araraquara e Jaboticabal.

Os acidentes envolvendo animais silvestres preocupam e podem trazer consequências para os motoristas e para o meio ambiente. O zoológico de Ribeirão Preto e o Parque Ecológico de São Carlos fazem a recuperação dos bichos.

Atropelamentos na SP-318

Em São Carlos, pelo menos quatro animais silvestres foram vítimas de atropelamento nos últimos 30 dias no mesmo trecho da Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), na saída para Ribeirão Preto.

Trecho da Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318) onde ocorrem atropelamentos — Foto: Reprodução/EPTV
Trecho da Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318) onde ocorrem atropelamentos — Foto: Reprodução/EPTV

Entre eles estavam dois cachorros do mato e uma fêmea de veado catingueiro. Isso acontece porque a faixa de mata, onde vivem várias espécies nativas, termina na rodovia.

“Faz parte da biologia desses animais transitar o tempo todo e eles acabam chegando até as margens da rodovia”, disse o diretor do Departamento de Defesa Animal de São Carlos, Fernando Magnani.

A mureta que divide as pistas torna a estrada ainda mais perigosa, porque eles tentam atravessar e acabam presos entre as duas pistas.

Tratamento de acidentados

Os animais que morrem são recolhidos pela concessionária que administra a rodovia. Os que sobrevivem vão para o Parque Ecológico para serem tratados. Dos que se recuperam, alguns tem condições de voltar pra natureza, outros não, por causa de sequelas permanentes e acabam ficando no local. Contudo, a maioria acaba morrendo.

Para Magnani, uma das medidas que ajudariam a evitar esses acidentes seria a colocação de um alambrado no acostamento pra impedir a passagem dos bichos.

“Não existe como impedir totalmente que os animais entrem na rodovia, porém um alambrado bem colocado, com instrumentos a mais, poderia impedir grande maioria das mortes”, disse.

Levantamento de onças-pardas

A onça-parda é uma das principais vítimas das estradas, já que circulam muito por longas distâncias em busca de alimento e de território para ocupar.

O biólogo e pesquisador da UFSCar, Bruno Saranholi — Foto: Reprodução/EPTV
O biólogo e pesquisador da UFSCar, Bruno Saranholi — Foto: Reprodução/EPTV

O biólogo e pesquisador da UFSCar, Bruno Saranholi, recolhe material genético de onças atropeladas para analisar o sexo e o grau de parentesco entre elas.

“70% são machos jovens, que estão dispersando para estabelecer a sua área de vida. Eles dispersam mas muitas vezes acabam sendo atropelados”, disse.

Desequilíbrio ambiental

A onça-parda é um mamífero de grande porte que está no topo da cadeia alimentar. A redução na quantidade desses animais causa um desequilíbrio na natureza.

“Se a gente imaginar que o predador está sendo retirado dessas populações locais, uma das consequências seria o aumento das populações de outras espécies, o que poderia causar um desequilíbrio”, afirmou Saranholi.

“As pessoas podem reduzir a velocidade nesse trecho, andar com mais atenção e garanto que o número de atropelamentos acaba sendo menor”, ressaltou Magnani.

Tratamento em Ribeirão Preto

O zoológico de Ribeirão Preto atende por ano em média mil animais vítimas de atropelamento. As aves representam 70% dos bichos que chegam ao local. “A gente recebe o animal machucado, atropelado faz tratamento cirúrgico, raio X e exame. Ele fica até se recuperar totalmente e vai ser reintroduzido [à natureza] ou destinado para outra instituição”, disse veterinário César Branco.

Animais atropelados são tratados no Zoológico de São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV
Animais atropelados são tratados no Zoológico de São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV

Uma fêmea de cachorro do mato chegou no parque sete meses atrás com ferimentos nas quatro patas. Ele passou por várias cirurgias e em fase final de recuperação, mas ficou com sequelas e não pode ser solta.

“Além de estar preservando as espécies nós também estamos preservando nosso ecossistema regional. Nós sabemos que não vai existir flora se não existir fauna. Então para manter as florestas e as matas é importante que essas espécies estejam nesses ambientes naturais”, explicou o diretor do zoológico Alexandre Gouvea.

Fonte: G1


Nota do Olhar Animal: “Os acidentes envolvendo animais silvestres preocupam e podem trazer consequências para os motoristas e para o meio ambiente. ” É bom lembrar aos ambientalistas que os acidentes trazem consequências, antes de mais nada, para os animais como indivíduos. “Ecossistema” não sente dor.

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.