Esta baleia beluga tem sido mantida no aquário de um shopping por anos
Ativistas dos direitos dos animais na Coreia do Sul se reúnem para reviver o interesse público em uma baleia beluga mantida no aquário de um shopping, apesar das promessas feitas em 2019 de que ela seria libertada de volta à natureza.
A baleia, carinhosamente chamada Bella, foi uma das três baleias belugas capturadas pela primeira vez no Oceano Ártico, na costa da Rússia, para formarem uma atração pública popular no Lotte World Aquarium, em Seul, desde que foi inaugurado em 2014. A atração marinha, abrigada dentro de um mega shopping center, é de propriedade do grupo multibilionário Lotte, o quinto maior conglomerado da Coreia do Sul, com participações em lojas de departamento, hotéis e franquias duty-free em aeroportos, entre outros negócios.
Após a morte das outras duas belugas (uma morreu em 2019, cerca de três anos após a morte de outra, em 2016), as partes interessadas tomaram a decisão de libertar a última baleia sobrevivente, Bella.
Mas Bella permanece, e a atração ainda está aberta ao público. Ativistas do bem-estar animal também dizem que ela tem mostrado sinais de estresse e agressão, efeitos comuns do cativeiro em animais selvagens. O site oficial do aquário hospeda uma seção sobre Bella, mas não entra em detalhes sobre os planos de soltura.
Em resposta a um pedido de comentário, um representante do Lotte disse ao site VICE World News que o plano não mudou, mas que outros fatores estão em jogo.
“Estamos constantemente implementando [a promessa de libertar Bella]”, disse o porta-voz. “Não podemos confirmar o cronograma de libertação porque temos que julgar integralmente a condição da baleia, como ela será aceita pelo local candidato, e se a baleia pode se adaptar ao novo ambiente.”
Em comunicado separado, a empresa disse que formou um comitê em julho do ano passado para tomar as medidas adequadas, mas a pandemia de COVID-19 diminuiu os esforços.
“Estamos colocando a segurança e a saúde da beluga em primeiro lugar”, disse o comunicado.
Apesar de serem animais selvagens conhecidos por mergulharem em incríveis profundidades em grupos de dez, baleias belugas são atrações populares em muitos parques marinhos em todo o mundo, incluindo países como China, Japão, os EUA e Rússia.
Conservacionistas acreditam que há mais de 300 belugas em cativeiro, e dizem que as taxas de mortalidade são mais altas quando comparadas com a natureza.
Ativistas do grupo de direitos dos animais Hot Pink Dolphins, com sede em Seul, condenaram a inação do Lotte, e pediram ao grupo que cumpra sua promessa ao público. Eles também lançaram dúvidas sobre as promessas de soltar Bella, e têm realizado protestos públicos fora do aquário.
“Pedimos ao Lotte World Aquarium que liberte Bella de volta à natureza sem mais atrasos como prometido em 2019”, disse a ativista Joyakgol, cofundadora do grupo que responde por um nome. Ele acrescentou que é especialmente difícil para Bella ficar presa no mesmo aquário onde ela testemunhou a morte de dois de seus amigos.
O ativista acredita que a questão não se aplica apenas a Bella, mas a todos os cetáceos em cativeiro, incluindo outros tipos de baleias e golfinhos mantidos em aquários. “Basicamente, os cetáceos não são adequados para a criação em aquários porque são animais sociais que têm que viver em redes sociais complexas”, disse ele. “Seu habitat natural não pode ser artificialmente construído, uma vez que eles se movem de maneira extensa na natureza.”
Ele acrescentou: “O Lotte deve manter sua promessa antes de levar a sua última baleia beluga à morte.”
A organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) também fez chamados pela liberdade de Bella.
“Na natureza, belugas são animais altamente sociais (e brincalhões) que vivem ao lado de suas famílias (que têm até 25 membros) por muitos anos, se não por toda a sua vida”, disse o vice-presidente sênior da PETA, Jason Baker, à VICE World News.
“O Lotte World Aquarium mantém Bella isolada e confinada a um tanque estéril com paredes de concreto. Seu fracasso em libertá-la deixou-a condenada a uma vida solitária de sofrimento e exploração comercial.”
Por Heather Chen e Junhyup Kwon / Tradução de Bruno Fontanive
Fonte: Vice