Estiagem acaba com pasto e prejudica alimentação de mais de mil búfalas em Brotas, SP

O tempo seco típico do inverno está acabando com o pasto usado para alimentação das búfalas de Brotas (SP), que foram encontradas em situação de maus-tratos, com fome e sede, na Fazenda Água Sumida em 2021.
A ONG Amor e Respeito Animal (ARA), que ficou responsável em cuidar do rebanho, está com dificuldades para comprar ração e manter os animais bem nutridos.
VÍDEO: Seca prejudica alimentação de búfalas em Brotas
O trato dos animais é mantido 100% por doações. Por mês são pelo menos R$ 60 mil para pagar alimentação e mão de obra. O número de voluntários é rotativo, mas o trabalho é sempre o mesmo, e intenso.
Ao todo, são 1,2 mil animais sob cuidado da ONG, que ainda enfrenta outro vilão: a seca. Entre julho e setembro, o custo para manter os animais praticamente dobra. Cerca de 90% da alimentação tem que ser comprada porque o pasto não é suficiente.
“Além de ser uma área pequena para o tanto de animais, também são pastos que nunca tiveram os cuidados devidos, com adubação, e nós não temos condições de fazer isso. Agora a maior dificuldade é manter a boa alimentação deles neste período de três meses de estiagem”, disse o presidente da ONG, Alex Parente.

A ONG ARA promove todo mês a “Campanha do 1 real” e também deixa livre o caminho para quem quiser apadrinhar as búfalas, seja com ajuda financeira ou mão de obra.
Para fazer o controle do rebanho, mais de 100 castrações já foram feitas desde que a ONG assumiu os cuidados. Os animais são monitorados e recebem todo cuidado que precisam de veterinários voluntários.
Quem quiser ajudar, o pix da ONG é: 14.732.153/0001-38.
Entenda o caso
Em novembro de 2021, após denúncias, a Polícia Ambiental encontrou mais de mil búfalas em situação de abandono em uma fazenda de Brotas.

De acordo com a polícia, os animais estavam em péssimas condições, sem comida e água. Pelo menos 22 deles já estavam mortos.
O responsável pelo local, o fazendeiro Luiz Augusto Pinheiro de Souza chegou a ser multado em mais de R$ 4 milhões e foi preso por maus-tratos, entretanto, saiu da cadeia após pagar fiança. Ele voltou a ser preso novamente em janeiro deste ano e foi solto em junho.

O pecuarista negou maus-tratos, justificou a falta de pasto por conta da estiagem e atribuiu a perda de peso dos animais à idade avançada.
Voluntários se mobilizaram para cuidar dos animais e, liderados por Alex Parente, da ONG Amor e Respeito Animal (ARA), começaram a trabalhar na recuperação dos bubalinos, além de travar uma briga judicial pela tutela do rebanho.
Em dezembro do ano passado, pelo menos 98 carcaças de búfalos foram localizadas e desenterradas por peritos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) na fazenda.
Por Rebeca Branco
Fonte: g1