Família de mergulhadores liberta um tubarão-baleia preso em uma corda no litoral do Havaí
Uma família de mergulhadores soltou um jovem tubarão-baleia que estava preso em uma corda no litoral do Havaí. Operação delicada que demandou mais de meia hora, cinco mergulhadores e uma boa dose de coragem.
Essa é uma história triste que, dessa vez, teve um final feliz. Durante um mergulho no litoral da ilha de Lanai, no Havaí, os membros de uma família viram um jovem tubarão-baleia de cerca de 6 metros nadando sem rumo relativamente perto deles. Surpreso de ver que um animal assim deixava que se aproximassem, eles rapidamente notaram que tinha alguma coisa errada: ele estava enroscado em uma corda pesada, provavelmente de uma rede de pesca.
“Aquilo não parecia estar certo. Ele tinha três cicatrizes nas costas, onde a corda estava presa. E a corda fez um corte de uns dez centímetros na sua nadadeira peitoral”, descreveu Joby Rohrer à National Geografic. Rohrer e sua mulher Kapua Kawelo, que trabalham na proteção de espécies em perigo para o O’ahu Army Natural Resources Program, descrevem uma corda coberta de crustáceos e mexilhões, o que indica que ela provavelmente estava estrangulando o tubarão há vários meses.
Com ajuda de seus filhos e de um de seus amigos especializado em fauna selvagem, eles começaram a trabalhar para libertar o jovem tubarão-baleia. Tudo sendo feito à base de apneia e uma faca submarina. Descendo e subindo a cada dois minutos a 15 metros de profundidade, a pequena equipe levou meia hora para conseguir cortar a corda de 75 quilos e de 10 centímetros de de grossura a fim de soltar o imenso peixe da sua prisão.
“Dá para dizer que o tubarão deixou socorrê-lo”
Se a ação realizada pelos mergulhadores é impressionante, eles ficaram ainda mais surpresos com a atitude do tubarão. Geralmente feroz e avesso ao contato humano, ele permitiu a aproximação constante, até que Joby Rohrer e sua mulher cortassem a corta que o estrangulava. “Dá para dizer que o tubarão deixou que a gente o socorresse, como se ele soubesse que a gente estava ajudando”, descreveu Rohrer ao National Geographic.
Impressão confirmada por Brad Normal, explorador do National Geographic e um dos mais reconhecidos especialistas de tubarão-baleia, que descreveu a cena como “extraordinária de se ver”. Ele explicou que o fato de o tubarão ter ficado ao lado de Rohrer depois que ele começou a romper a corda sugere que o peixe estava ciente da situação. Ainda mais porque vários mergulhadores foram necessários para cortar totalmente a corda.
Com essa colaboração, o jovem tubarão-baleia pode ser solto da corda que o estrangulava e que poderia ter-lhe sido fatal no final. De acordo com Brad Norman, o espécime tem grandes chances de sobreviver ao incidente. Em vista das imagens, sua saúde parece estar relativamente boa. O especialista estima, entretanto, que o tubarão-baleia era bem jovem, tendo por volta de vinte anos, o que acentua ainda mais suas chances de sobreviver.
Perto de 50% dos tubarões-baleia desapareceram em 75 anos
Essa situação, por mais feliz que tenha sido seu final, alerta sobre a situação do maior dos tubarões, que pode chegar a medir até 15 metros de comprimento. Completamente inofensivo ao ser humano, e se alimentando unicamente de plânctons, sua população entrou em forte declínio nos últimos 75 anos.
Presente no litoral da Índia e no Pacífico, a espécie perdeu perto de dois terços do seu efetivo, uma vez que a população que vive no oceano Atlântico diminuiu em 30%. O motivo? Colisões com barcos que navegam em busca de pesca, mas também capturas acidentais em redes de pesca. Fora isso, há ainda países onde a espécie é caçada para consumo humano.
Em 2017, a situação mudou de alguma forma. A partir de então, ele passou a constar na classificação de espécies em perigo, de forma a não poder mais ser caçado e a ter seu habitat protegido. Todavia, tais medidas podem não ser suficientes. “Em escala mundial, todos os tubarões-baleia estão tanto em perigo como ameaçados de extinção”, destaca Brad Norman. “Se não invertermos a tendência ao declínio dessa população, a espécie inteira poderá ver um desastre”.
Esse jovem espécime não é, todavia, o primeiro tubarão-baleia a ser vítima de algo assim. Em 2015, mergulhadores realizaram um resgate parecido no litoral do México. Um ano depois, foi a ONG Sea Shepherd que veio em socorro de um tubarão-baleia preso, dessa vez em uma rede de pesca no litoral do Gabão.
Por Marcos Silva
Fonte: Gent Side