Faxineira que cuida de 17 animais em casa e de outros abandonados pede doações: ‘dependem de mim’
Há mais de 20 anos a faxineira Ângela Marciano, de 55 anos, resgata animais vítimas de maus-tratos em São Carlos (SP), mas, com a pandemia, tem enfrentado dificuldades financeiras para mantê-los alimentados e necessita de doações.
VÍDEO: Moradora de São Carlos que cuida de 17 animais pede ajuda da população com doações
Atualmente, ela tem 17 cães e gatos em sua casa, além de alimentar de outros que vivem abandonados nas ruas. (veja no final da reportagem como ajudar).
“Atualmente, estou só com duas faxinas por semana e pago aluguel. Está muito difícil conseguir ajuda das pessoas, mas não quero desistir do meu trabalho, porque os cachorros dependem de mim”, relatou Ângela.
A cuidadora gasta cerca de 150 kg de ração por mês para alimentar e medicar os animais que moram com ela e mais de 15 cachorros que vivem nas ruas.
Com o trabalho de faxineira, Ângela ganha cerca de R$ 1 mil por mês. O dinheiro é usado para pagar o aluguel da casa onde mora com os 17 animais, e para comprar a cesta básica. O restante é usado para comprar a ração, mas nem sempre é suficiente para alimentar todos os cães e gatos.
“Antes da pandemia eu fazia de cinco a seis faxinas por semana, mas muitos lugares onde eu trabalhava fecharam, como salões de beleza e casas de estudantes. Assim, ficou difícil sustentar os animais, porque com o que ganho não consigo pagar os custos. Às vezes, tenho que dar arroz e carne de fígado para que eles não passem fome ”, afirmou a tutora dos bichos.
Além dos custos com ração, Ângela também estava tendo despesas extras para vacinar e castrar os animais porque o serviço de castração gratuito da prefeitura estava suspenso e só foi retomado pela prefeitura em 1º de setembro deste ano, quando foi firmada uma parceria com a ONG ASA – amigos salvando amigos, a qual irá realizar 50 cirurgias por mês.
Quanto à aplicação de vacinas, principalmente a antirrábica, o município informou que só realiza o serviço de forma gratuita quando se trata de casos suspeitos da doença. Assim, o estado envia as vacinas para a cidade e os tutores podem procurar pelo imunizante por meio de agendamento no site da prefeitura.
Em casos que não há suspeita da doença, cabe aos proprietários a responsabilidade de vacinar os animais em serviços veterinários privados.
Começo de tudo
Ângela cuida dos animais há mais de 20 anos e descobriu a paixão pelos pets quando ganhou um dos filhotes da ninhada da cachorra de seu antigo patrão. Tempos depois, ela adotou outro cachorro que estava abandonado próximo a sua casa sem saber que ele estava com uma doente. O outro cão também foi contaminado e os dois acabaram morrendo.
Para superar a dor da perda, ela buscou ser voluntária em uma ONG que cuida de animais abandonados e maltratados e até chegou a montar uma organização sem fins lucrativos em sua casa. Porém, a iniciativa não deu certo e a instituição se desfez.
Mesmo sem a ONG, ela manteve os animais na sua residência e passou por adotar outros, geralmente abandonados por pessoas em situação de rua.
Mesmo com todas as dificuldades, Ângela não pretende desistir, e caso possa contar com a ajuda que precisa irá manter os animais sob sua tutela.
“Eu faço isso por amor. Sei que tem pessoas que me julgam dizendo que eu não tenho nem o que comer e mesmo assim estou cuidando de tantos animais, mas só de pensar em abandoná-los me corta o coração. Por isso, não quero parar com meu trabalho, não quero desistir”, afirmou a protetora.
Ajuda
Para ajudar Ângela e seus animais, os interessados podem fazer doações de ração e itens para pets, como cobertores, casinhas e brinquedos, entrando em contato pelo telefone ou WhatsApp (16) 99393-3312.
Também é possível contribuir com qualquer quantia em dinheiro por meio do sistema de pagamento PIX. Basta entrar em contato com Ângela pelo telefone para ela passar a chave.
Por Thainá Araújo, sob supervisão de Fabiana Assis
Fonte: G1