Feijão já teve as 4 patas paralisadas — um milagre deu-lhe um nova vida às pernas

Feijão não precisa de mostrar, o seu corpo revela bem o sofrimento por que passou. As feridas, as cicatrizes e a ausência de uma pata demonstram que não teve uma vida fácil. Mas já está pronto para recomeçar e para concretizar o seu sonho: ser feliz.
O gato com cerca de dois anos foi encontrado junto a um riacho, num estado muito debilitado. Ainda assim, deixou logo que a mulher que o encontrou lhe pegasse ao colo, para o levar para um sítio melhor. “Ligou-nos a dizer que tinha encontrado um gato ferido ao pé de casa. Levou-o para a clínica veterinária, onde a nossa presidente está a estagiar, e ele ficou ao nosso cuidado”, começa por explicar à PiT Joana Costa, voluntária da associação ResGato, localizada em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro.
Estava cheio de feridas nas patas e não mexia uma delas, sendo que só conseguia usá-la para se limpar: “Não percebíamos o que se passava. Fizemos alguns exames, e percebemos que tinha problemas respiratórios, mas nunca pensámos que fossem a origem do seu problema na pata”.
Um miado ensurdecedor e agonizante levou as voluntárias a perceber que o problema era bem mais grave do que o esperado: “Fomos ter à boxe dele e ele miava de dores. Aproximámo-nos e ele tinha as patas todas paralisadas. Elas até já estavam frias e sem circulação”, descreve a voluntária.
Feijão foi imediatamente transportado para um hospital veterinário, no Porto, que percebeu que ele tinha tido um tromboembolismo, a acrescentar ao coágulo que tinha na pata que mal mexia. “O cardiologista não sabia se havia volta a dar. Acabou por lhe dar medicação para o coração, que fará para o resto da vida, mas não sabia se ele voltaria a andar”.
Bastou regressar à clínica para acontecer um milagre: “Quando entrou pela porta da clínica, estava bem. Não parecia ter acontecido coisa alguma. Começou a caminhar normalmente e a fazer tudo como antes”, conta alegremente.
Infelizmente, o tal milagre não foi capaz de atuar magicamente em todas as patas. Quando foi em regime de Família de Acolhimento Temporário (FAT) para a casa de Joana, a sua pata esquerda frontal começou a “ganhar feridas e a apodrecer”: “Tivemos de a amputar. Ainda estivemos apreensivos, por causa da anestesia e do tromboembolismo, mas correu tudo bem”.
Feijão fez a recuperação da pata melhor do que ninguém. Até parece nunca ter precisado dela. Agora, além dos comprimidos que tem de tomar para o coração é um gato “normal”.
O gato é fora do comum “pela sua meiguice e doçura”: “Sempre foi muito dócil. Até quando a senhora o resgatou começou a ronronar no seu colo. Na clínica, adorava receber as festas de todos. É meigo e fácil de dar a medicação”, apontou a voluntária. A ResGato quer encontrar uma família disponível para adotar tal carinho e que lhe dê a felicidade que nunca viveu. Tal como aconteceu com Dióspiro.
Se não acredita na descrição da voluntária, veja com os próprios olhos. Até pela lente de uma câmara Feijão mostra ser carinhoso. Carregue na galeria para ver algumas fotografias do “gato-milagre”.
Por Carolina Jesus
Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original