Filhote de anta é resgatado com 40% do corpo queimado após incêndio no Parque Nacional das Emas, GO
Um filhote de anta foi resgatado com ferimentos depois do incêndio que destruiu mais de 30 mil hectares no Parque Nacional das Emas. Segundo o biólogo Ayrton Katsuyama, o animal sofreu queimaduras de terceiro grau em 40% do corpo e perdeu a visão dos dois olhos.
“Ele foi encontrado em um estado crítico. A nossa maior preocupação é que, além de inalar fumaça, ele inalou fogo pelas vias respiratórios. Por isso, terá de passar por um período delicado de recuperação”, explicou.
VÍDEO: Filhote de anta é resgatado com queimaduras após incêndio no Parque Nacional das Emas
O animal foi encontrado por um trabalhador rural na manhã da última quarta-feira (14), na região conhecida como Morro Vermelho, que fica a cerca de 20 km da área destruída pelo fogo. Em seguida, ele foi levado para o Instituto Ayumi Aventureira, em Mineiros, na região sudoeste de Goiás, onde está recebendo os cuidados necessários.
“Os ferimentos foram lavados. Passamos pomadas para queimaduras e fizemos os curativos, que são trocados todos os dias. Realizamos a limpeza e a retirada das áreas necrosadas”, afirmou.
O filhote, que segundo o biólogo tem cerca de um mês, ficará no instituto até que seja avaliada a possibilidade de ele ser devolvido à natureza. No entanto, o especialista explica que existe uma grande chance de, por conta da gravidade dos ferimentos, o animal não conseguir se adaptar ao seu habitat natural.
“Como ele ficou cego, ele terá bastante dificuldade de voltar para a mata. A mãe do filhote também não o aceita mais e o descarta”, contou.
Incêndio
O incêndio no Parque Nacional das Emas começou na última sexta-feira (14), quando uma equipe fazia um aceiro e os dois caminhões usados para apagar o fogo nessas atividades apresentaram problemas. Por causa disso, as chamas saíram de controle.
Somente cinco dias depois, na terça-feira (13), que o incêndio começou a ser controlado. No dia seguinte, voos de drones identificaram que não havia novas chamas no local. No entanto, o monitoramento continua sendo feito nesta quinta-feira (15), pois, segundo o Corpo de Bombeiros, ainda há brasas na região.
“O monitoramento é quase que 50% do combate. Primeiro a gente faz o combate e, depois, o rescaldo. Nenhum foco foi detectado, nem fumaça, nem calor”, informou o major Ricardo Carrijo.
Com isso, a direção do parque e o Corpo de Bombeiros decidiram que não é mais necessário o combate. Com a decisão, militares de Goiânia e do Mato Grosso do Sul, que atuavam no local, estão voltando para suas casas.
O combate chegou a contar com membros de uma força nacional de combate a incêndios recém-formada. Foi a primeira atuação da equipe em campo desde a sua criação, no dia 24 de junho.
Aceiros
Os aceiros são colunas de vegetação que são queimadas de forma controlada justamente para evitar que, em caso de incêndio, o fogo não passe daquele ponto. o diretor do Parque Nacional das Emas, Marcos Cunha, explicou que a medida é essencial e continuará sendo tomada assim que tiverem novamente os caminhões disponíveis para essa tarefa.
“Serão 200 km de aceiro. E esse aceiro vai ter que ser feito, é claro, redobrando toda a atenção. Vamos precisar de mais caminhões de água. Se a gente não fizer, em agosto pode acontecer de queimar o restante do parque”, alertou.
Ainda de acordo com Marcos, a direção da unidade de conservação ambiental está procurando apoio de fazendeiros e prefeituras da região para conseguir mais caminhões de água para facilitar a realização desses aceiros que ainda precisam ser feitos.
Por Millena Barbosa, G1 GO
Fonte: G1