‘Fiz por amor’, diz mulher que foi presa após polícia resgatar mais de 200 cães mantidos em situação de maus-tratos em Curitiba, PR

‘Fiz por amor’, diz mulher que foi presa após polícia resgatar mais de 200 cães mantidos em situação de maus-tratos em Curitiba, PR
Mais de 300 cachorros eram mantidos sem água e alimentos em casa de Curitiba — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Em depoimento à polícia Maria Inês Demeterco, presa após a polícia resgatar mais de 200 cachorros mantidos em situação de maus-tratos em uma casa de Curitiba, negou ser acumuladora e afirmou que luta pela causa animal há 37 anos.

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“Eu fiz por amor. Até porque eu não me acho acumuladora. Eu posso ter exagerado no número, mas eu fiz por amor”, afirmou.
A mulher, de 64 anos, foi presa na última quinta-feira (19) após uma operação da Polícia Civil que localizou 223 cães em uma propriedade dela. Os animais foram encontrados sem alimento, nem água e mantidos apertados.

Conforme a polícia, alguns desses animais não sabiam andar por viverem há anos dentro de caixas de transporte.

Maria Inês foi solta ainda na sexta-feira (20), após conseguir liberdade provisória. Ela responde pelo crime de maus-tratos aos animais, que tem pena de 2 a 5 anos.

A decisão da Justiça define que ela não pode acessar o imóvel onde estão os cães, não pode manter contato com a presidente do Instituto Fica Comigo, que resgatou os animais, e deve pagar uma fiança de R$ 5.208.

O delegado responsável pelo caso, Guilherme Dias, afirmou que a mulher pode pode ter uma pena maior por conta do alto número de animais envolvidos no caso.

Problemas financeiros

No depoimento a mulher reconhece que os animais estavam magros, porém afirma que estava passando por problemas financeiros.

Segundo o delegado Guilherme Dias, os fatores indicados pela mulher reforçam o diagnóstico de acumuladora.

“Ela admite que nunca doou nenhum animal, que é uma característica clara de uma acumuladora. Ela alega que tinha condições financeiras, mas no últimos meses enfrentou problemas de ordem financeira e não pode mais cuidar dos animais”, afirmou o delegado.

Em nota, o advogado dela, Tiago Antonio Giacomitti, afirmou que muitos dos animais que estavam no local foram resgatados por ela já com a saúde precária.

Prefeitura foi acionada

A defesa de Maria Inês afirmou também que solicitou socorro à Prefeitura de Curitiba diversas vezes e sempre informou o estado real do canil.

A prefeitura confirmou que o município foi acionado e afirmou que nos últimos anos realizou uma série de ações no local, entre elas atendimentos clínicos, vacinação, microchipagem, castração e fornecimento de ração.

“As ações de fiscalização da Rede de Proteção Animal, após uma série de denúncias de vizinhos, acontecem há dez anos, mas nesse período a proprietária do imóvel conseguiu comprovar os investimentos em alimentação e cuidados médicos com os animais, apesar do espaço, realmente, não ser o ideal para a quantidade abrigada”, afirmou a instituição.

Conforme a prefeitura, uma ação judicial enfrentada por Maria Inês resultou na perda de patrimônio, o que agravou a situação, somado ao fator de ela se recusar a doar os animais.

Resgate

VÍDEO: Mais de 200 cães em situação de maus-tratos são resgatados em Curitiba

Desde o dia do resgate voluntários trabalham no local. Eles são responsáveis por cuidar do espaço, escovar, dar carinhos para os animais, entre outras atividades.

“A emoção toma conta de todo mundo em primeiro lugar. O amor toca no coração de ver o cãozinho ali sofrendo. Muitos deles nunca tinham visto a luz do dia, então choca, né”, afirmou a voluntária Mayara Moraes.

Os animais resgatados foram estão sob responsabilidade do Instituto Fica Comigo, uma organização sem fins lucrativos que atua na proteção de animais.

A ONG informou que eles estão passando por atendimento veterinário e serão disponibilizados para adoção responsável. A maior parte deles, segundo o Instituto, estão castrados e vacinados.

Vinte animais já foram encaminhados para novas famílias. Interessados em ajudar ou adotar podem entrar em contato através das redes sociais: @institutoficacomigo_.

Denúncia

Mais de 300 cachorros eram mantidos sem água e alimentos em casa de Curitiba — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Mais de 300 cachorros eram mantidos sem água e alimentos em casa de Curitiba — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A polícia foi acionada por vizinhos que reclamaram do forte odor vindo da residência no bairro São Lourenço. Na região, comércios chegaram a fechar as portas por conta do cheiro.

Por conta disso, o delegado frisou a importância da população acionar os órgãos competentes em caso de registros de maus-tratos aos animais.

Denúncias podem ser feitas em boletim de ocorrência, pela internet, de forma anônima pelo Disque-Denúncia 181, ou pessoalmente na delegacia mais próxima.

Fonte: g1

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