Fogo destrói 85% de parque conhecido pelo turismo das onças no MT

Fogo destrói 85% de parque conhecido pelo turismo das onças no MT
Incêndio avança sobre o Pantanal, no Mato Grosso. (Foto: Mayke Toscano/Secom-MT)

O Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, já teve 85% de sua área consumida pelo fogo que atinge o Pantanal. Os dados são do Instituto Centro de Vida (ICV), que apontou a análise com base em imagens de satélite.

Segundo o instituto, até o domingo (13), mais de 92 mil hectares haviam sido atingidos pelo fogo no parque estadual, que tem 108 mil hectares na totalidade.

A organização divulgou imagem da progressão de imagens de satélite mostrando o avanço do fogo nas áreas do parque consumidas pelas chamas. 

O parque conhecido pelo turismo das onças-pintadas foi criado em 2005 e localiza-se entre os municípios do Poconé e Barão de Melgaço. Os 108.900 hectares são ainda bacia coletora de vários rios importantes, como o Cuiabá, Piquiri, Pirigara, Cassange, Três Irmãos e Alegre.

O instituto diz que as onças-pintadas já eram ameaçadas de extinção por causa da caça ilegal e do tráfico de animais, e que os incêndios podem piorar a permanência dos selvagens.

Situação de emergência
 
O governo federal reconheceu a situação de emergência no estado do Mato Grosso do Sul em decorrência dos incêndios florestais que assolam a região. Uma mancha de cinza e lama escura se estende pela vasta área de incidência de onças-pintadas do Pantanal no Mato Grosso.

Pelas estimativas de biólogos, aproximadamente 80 onças viviam no parque até o início das queimadas – a esperança é de que a maioria delas continue lá, no entanto, os biólogos registraram três onças da região do parque com ferimentos. Dessas, uma foi resgatada em agosto e outra na última sexta-feira.

Uma terceira escapou antes que pudesse ser capturada e levada para tratamento.

Os pesquisadores esperam que, pela capacidade física das onças, boa parte das espécies possa se salvar. “É difícil estimar o impacto de um fenômeno que ainda está acontecendo”, afirma o biólogo e doutor em conservação ambiental Fernando Tortato, trabalha na proteção dos felinos em Porto Jofre, localidade de Poconé.

Área queimada pode aumentar
 
Pesquisador da ONG Panthera, ele ressalta que o tamanho da área do parque destruída pode aumentar.

“A gente ainda está tentando entender os efeitos das queimadas”, afirma.

Fernando Tortato observa que, nos incêndios dos anos anteriores, os animais podiam percorrer de cinco a 10 quilômetros até encontrar água e proteção do fogo. Desta vez, não há refúgio para as espécies, especialmente roedores, cobras e lagartos, de menor porte. O fogo atingiu área vasta.

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e voluntários delimitaram 1 mil hectares de vegetação bem preservada dentro do parque para as espécies se abrigarem caso o fogo consuma o que sobrou da reserva.

Em volta, os agentes e biólogos abriram valas com intuito de impedir a chegada de possíveis focos.

Pelo Pantanal, não faltam bandos de bichos tentando escapar do incêndio e encontrar água e comida. Voluntários espalham frutas em trechos ainda verdes da Transpantaneira, principal acesso terrestre da região.

Na manhã de segunda-feira (14), garças, veados e capivaras estavam nas margens cinzentas da estrada.

Queimadas criminosas

Focos de incêndio não param de surgir ao longo da Transpantaneira. Ao Estadão, o coronel Paulo Barroso, do Corpo de Bombeiros, disse que a estrada poderá ser fechada nos próximos dias.

O bloqueio deve acontecer em frente ao posto rodoviário no km 17, exatamente onde está o simbólico portal que dá as boas-vindas a quem chega ao Pantanal.

Só agentes públicos, brigadistas e voluntários que atuam no salvamento dos animais deverão ter acesso.

Secretário executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo do governo de Mato Grosso, Barroso diz que nas margens da rodovia as queimadas são “propositais”.

Um dos objetivos da medida de restringir a circulação de pessoas é justamente prevenir novos incêndios. “Infelizmente não tivemos a oportunidade de fazer o flagrante, mas percebemos que, pelas condições que ocorrem os incêndios, algumas pessoas entram nesse ambiente e fazem fogo de forma criminosa. E esse também é um dos motivos que iremos fechar a Transpantaneira tão logo seja decretado o estado de calamidade para Mato Grosso”, afirmou o militar.

(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)

Por Déborah Lima

Fonte: Estado de Minas de Gerais 

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