Fogo sem controle no Pantanal ameaça reserva refúgio de animais em MT

Fogo sem controle no Pantanal ameaça reserva refúgio de animais em MT
Estação Ecológica Taiamã, na região de Cáceres, tem mais de 11 mil de hectares. ICMBio

Atualmente, parte dos esforços para o combate às queimadas que atingem o Pantanal há dois meses, em Mato Grosso, está concentrada no município de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá).

Na cidade, encontram-se três unidades de conservação federais e, ao menos uma delas, vem sendo ameaçada pela propagação das chamas. Trata-se da Estação Ecológica Taiamã, com mais de 11 mil de hectares.

A unidade é uma ilha formada pelas águas do Rio Paraguai considerada um berçário de peixes esportivos e comerciais e que serve como refúgio para animais, como jacarés, a onça-pintada, ariranha e o cervo-do-pantanal, estes últimos ameaçados de extinção.

Na reserva, entre os dias 12 e 13 de setembro, foi realizada uma manobra de combate indireto aos incêndios florestais, conhecida como “queima de expansão”, cuja técnica consiste em eliminar o combustível em pequenas faixas do terreno através da aplicação do fogo.

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o controle dessa técnica exige pessoal treinado e experiente, pontos de ancoragem muito bem definidos e condições meteorológicas favoráveis para que o fogo não se alastre e inicie um novo incêndio.

Todas essas condições foram obedecidas e a queima foi considerada um sucesso.

No último dia 23, as chamas avançaram pela parte sudeste da estação.

O temor é que o interior da unidade seja consumido pelo fogo, risco considerado como “muito grande” já que o fogo tem avançado muito rapidamente pelo Pantanal devido à alta temperatura, ao tempo seco e a ocorrência de ventos.

Diante dos esforços, até ontem pela manhã, a informação é de que a Estação Ecológica de Taiamã continua protegida, sem incêndios no seu interior.

O trabalho para impedir a propagação das chamas conta com pelo menos 40 brigadistas.

As outras unidades localizadas na região são a Reserva Particular do Patrimônio Natural Jubran e a Estação Ecológica Serra das Araras.

A estimativa é de que 3,4 milhões de hectares entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tenham sido destruídos. Desde o início deste ano, o Pantanal já registrou 17.491 focos de incêndio.

Neste ano, o bioma vive o pior mês da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora queimadas no bioma desde 1998.

Um relatório do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) revela que a devastação deve gerar impactos diretos e indiretos no bioma, incluindo, falta de alimentos, desequilíbrio ambiental e risco de extinção de animais.

Na noite da última segunda-feira (28), choveu na região de Porto Cercado, em Poconé (100 km ao Sul da Capital), mas não foi suficiente para o controle das chamas.

A chegada das precipitações cria expectativa de melhora na segunda metade de outubro. Mas, por enquanto, o Pantanal continua passando por “condições de seca severa a excepcional”, principalmente, na região norte do bioma.

Vale lembrar que a Delegacia de Meio Ambiente (Dema) do Estado apura quem são os possíveis responsáveis pelos incêndios.

De acordo com o governo, cinco perícias feitas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontaram a ação humana como causa da origem das queimadas na região.

Previsão – A Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia informa que esta quarta-feira (3) será de muito sol e poucas nuvens em grande parte de Mato Grosso.

O tempo deve variar entre claro e parcialmente nublado em todas as regiões.

No Noroeste e regiões do Oeste do Estado, podem ocorrer pancadas isoladas de chuvas seguidas de trovoadas, entre a tarde e à noite, já nas demais regiões do Estado não há previsão de chuvas.

Por Joanice de Deus 

Fonte: Diário de Cuiabá

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