Gato-mourisco atropelado passa por cirurgia no Recife, PE

Gato-mourisco atropelado passa por cirurgia no Recife, PE
Gato Mourisco | Foto: Divulgação

As chances de um gato-mourisco (Puma yaguaroundi) voltar a andar vão depender da habilidade de profissionais que, numa verdadeira força-tarefa, tentarão reconstruir a pélvis (bacia) do animal. Ele foi atropelado em uma rodovia do município de Barbalha (CE), ao lado norte da Chapada do Araripe, e está agora está sob cuidados médicos no Centro de Triagem de Animais Silvestres Tangara (Cetas Tangara), da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife. É lá que a equipe veterinária do espaço, junto a profissionais da UFRPE, fará o implante de uma placa a fim de unir a bacia do mamífero, que foi desmembrada em duas partes com o impacto do acidente. O procedimento cirúrgico ocorre nesta terça-feira (23), às 8h, e segundo os veterinários, inspira cuidados por ser considerada complexa e delicada.

O especialista em reabilitação de animais silvestres do Cetas, Yuri Valença, descarta a necessidade de uma prótese para o mamífero. Na sua avaliação, provavelmente será preciso retirar parte ou totalmente a cabeça do fêmur para que o animal volte a andar sem sentir dores. Com a batida, explica, o fêmur empurrou a pélvis, quebrando-a. “Por conta disso, o osso (fêmur) está forçando quando ele tenta andar. A explicação para ele estar sentindo tanta dor e não ter equilíbrio algum. Geralmente, quando a fratura não é grave, o próprio organismo trata de se regenerar. O caso dele só pode ser resolvido com cirurgia”, afirma, acrescentando que o a retirada da cabeça femoral não comprometerá em nada na estrutura óssea do felino. O animal, que configura na lista de espécies ameaçadas de extinção, é um adulto de quase 4kg e mede cerca de 70 cm.

Também conhecido como jaguarundi, eira, maracajá-preto e gato-preto, o animal foi entregue no dia último dia 16 à CPRH por agentes da Área de Proteção Ambiental (APA) do Araripe, unidade de conservação federal com abrangência em áreas de predominância da caatinga em três estados – Ceará, Piauí e Pernambuco. No dia seguinte foi transportado ao Cetas, onde passou por avaliação clínica, com exames de raio-x e ultrassom. Desde então, está sob efeito de analgésicos.

Os remédios, comemora Valença, têm contribuído para o animal voltar a se alimentar e retomar ao seu comportamento natural, que é agressivo. “Logo quando chegou aqui, ele nem aguentava se alimentar de tão fragilizado. Sem perder peso, ele está apto a passar por cirurgia”, detalha. Seu cardápio tem sido o mais variado possível. Peitos de frango, fígado e carne bovina estão entre os pratos, dados sempre à noite. Esses animais têm hábitos noturnos e é nesse horário que costumam ir atrás de suas presas.

Pós-cirúrgico

Ao finalizar a cirurgia, o animal ficará sob observação entre 15 e 30 dias. Tudo vai depender de como o felino responderá à cirurgia. Passado o período de observação, conta Valença, o gato será submetido à fisioterapia. Essa etapa é a mais importante para que os músculos ganhem força e rigidez. “Mas, não é essa fisioterapia que estamos acostumados. Os estímulos serão externos. Caçar um rato e subir em galhos de árvores, por exemplo. Esses exercícios fortalecerão a musculatura para que ele fique apto para ter sua vida livre de volta”, explica Valença. Seis meses é o tempo médio para que o gato-mourisco volte, enfim, para onde nunca deveria ter saído: a natureza.

Por Priscilla Costa

Fonte: Folha PE

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