Grupos de cachorros perdidos de Porto Rico foram mortos pelo furacão
Os cachorros corriam selvagemente na chamada “Praia dos Cachorros Mortos” em Porto Rico, maltratados e então abandonados por seus tutores.
Então o furacão os atingiu, e os cachorros selvagens foram arrastados. Nenhum sobreviveu.
Christina Beckles, uma nova-iorquina que fundou uma organização sem fins lucrativos para salvar os cães de rua de Porto Rico, voou para a ilha devastada após o furacão para auxiliar sua equipe no Projeto Sato e os cachorros que ainda pudessem ser ajudados.
Mas a situação estava muito pior e mais perigosa do que ela poderia imaginar.
“Uma vez que todos os abraços e lágrimas acabaram, a primeira coisa que todos nós queríamos fazer era ir para a praia para procurar nossos cães selvagens,” Beckles escreveu no Facebook.
“Infelizmente, nós não os encontramos e nossos corações estão pesados com a realidade vista na devastação total da praia. Eles não sobreviveram.”
A ilha de 3,4 milhões de pessoas está sem eletricidade e água e os saqueadores assumiram o controle fazendo a polícia e a Guarda Nacional adotarem um toque de recolher estrito das seis da noite às seis da manhã, deixando americanos no caos e abandonados pelo seu governo.
“É uma zona de guerra”, Beckles disse por e-mail. “Não há energia ou água. Nós estamos em toque de recolher da seis da noite às seis da manhã. A comida está ficando escassa e as pessoas estão ficando desesperadas. A pilhagem já começou. As filas para conseguir gás têm de sete a dez horas de duração, para receber dez dólares de gás.”
A própria casa de Beckles em Porto Rico também foi destruída.
“Tem uma árvore nela e está a quase dois metros abaixo da água,” ela disse.
“A água ficou contaminada poucos dias após a tempestade. O prefeito de San Juan evacuou a área no dia 23 de setembro devido aos sérios problemas de saúde que a água agora oferece.”
Sua casa estava cheia com água de esgoto quando ela retornou no dia 26.
“Nós tivemos que atravessar com a água preta na altura da nossa coxa para conseguir sair. Tudo o que a gente tinha foi embora,” ela disse.
“No dia 27, voltamos e o nível de água tinha AUMENTADO. Não tem chovido aqui. Há um parque no final do nosso quarteirão que estava inundado e foi bombeado dois dias atrás. Por que bombear a água do parque ainda deixou uma vizinhança inteira embaixo de água de esgoto? Eu não estou tentando me destacar na situação, estou plenamente consciente de que há milhares, provavelmente centenas de pessoas que perderam tudo. TODOS eles precisam de ajuda agora.”
Beckles disse que ao longo da tragédia, o senso comunitário é encorajador.
A maior parte das pessoas está se unindo e ajudando uns aos outros. Vizinhos estão limpando as ruas e retirando detritos. “Eu percebo um incrível senso comunitário,” ela escreveu por e-mail.
Hospitais estão funcionando com geradores e estão ficando sem combustível. O maior shopping da cidade, no entanto, já possui energia.
Ela acrescentou que o furacão atingiu diretamente a Praia dos Cachorros Mortos, em Yabucoa.
“O município sofreu uma perda de 99% das suas construções. Nós estávamos cuidando de três cães selvagens lá e eles não foram mais vistos desde o dia 19”, ela escreveu.
“Nossa equipe visitou a praia ontem e, ao ver a devastação, acreditamos que a essa hora esses cães já tenham perecido. Nós resgatamos três cães desde o furacão, todos despejados durante a tempestade. Uma estava prenhe em fase avançada e estava com um pequeno filhote.”
Ela foi informada pelo segurança de um hotel na praia que os cães “estavam gritando de terror”.
“Eles estão agora seguros sob nossos cuidados e serão transportados para fora da ilha no dia 29.”
Beckles disse que nos primeiros dias após o furacão, parecia que as coisas iriam ficar bem, mas a ajuda nunca veio.
“Já se passaram agora sete dias e nada está acontecendo. Como alguém pode se sentir seguro com um toque de recolher imposto e saqueadores atuando?”, ela disse.
O prefeito de San Juan alertou as pessoas para ficarem dentro dos lugares e não violarem o toque de recolher para sua própria segurança.
Por Jennifer Gould Keil / Tradução de Gabriela Tomanini