Homem é condenado a 10 anos de prisão por matar dois cães de resgate no México

Homem é condenado a 10 anos de prisão por matar dois cães de resgate no México
Athos e Tango, câes de resgate assassinados no México. Reprodução/Facebook

Benjamín “N”, acusado de envenenar os cães de resgate Athos e Tango em julho de 2021, em Querétaro, no México, foi condenado a 10 anos de prisão. Apesar dos autores terem obtido uma decisão favorável, o homem está livre por motivos legais.

Na última terça-feira (23), um juiz estadual proferiu a sentença, que inclui o pagamento de uma multa como reparação pelos danos causados.

Os dois cães socorristas estavam a cargo do treinador Edgar Martinez, que, ao lado de sua advogada, Mônica Huerta, iniciou um processo legal contra Benjamín “N”, suspeito de matar Athos e Tango.

“Foi um processo iniciado com muitas dificuldades, porque não é uma investigação normalizada. Nós não tínhamos profissionais para esse tipo de crime. Encontramos muitas limitantes, que no caminho fomos resolvendo, para conseguir uma sentença, um precedente que permita dar proteção aos animais”, disse Mônica à CNN.

O processo ressaltou o caso particular de Athos, que realizou trabalhos de resgate no terremoto de 2017, na Cidade do México, e apoiou o trabalho de socorristas em Guatemala após a erupção do vulcão Fuego, em 2018.

“Nós tivemos um comandante da Guatemala que veio testemunhar todos os trabalhos que Athos prestou no local e toda a sua importância para o país”, contou a advogada.

“Na sentença, dizia para colocarmos essa quantidade, pois devíamos colocar uma reparação por dano, pelos gastos com a alimentação do cachorro, com médicos veterinários, com tudo que implica cuidado e atenção aos cachorros, mas a Justiça considerou que era uma perda irreparável, não apenas para o seu tutor, mas para a humanidade.

Apesar da condenação, Benjamin está livre devido ao seu direito de recorrer da sentença.

“Uma decisão que defendemos até o final. Promovemos apelação, promovemos recursos de amparo, recursos de queixa… Durante o curso do processo, Edgar teve que mudar de casa pelo temor que atentassem contra seus outros cachorros, mas nada disso foi suficiente para provar a necessidade de mantê-lo preso. Então, este senhor desde 6 de julho, que foi a audiência preliminar, está cumprindo medidas cautelares em liberdade, sendo vigilado pelas autoridades e tem proibição de se aproximar das vitimas”, explicou.

Huerta aponta que o agressor tem a possibilidade de entrar com um recurso de amparo. “Ele tem esse direito de apresentar os seus recursos, mas consideramos que não há sustento provatório para que se reverta essa condenação”, afirmou.

A CNN conseguiu confirmar que a defesa do réu é prestada pelo Estado, mas não recebeu resposta do procurador que o representa.

A CNN também entrou em contato com o Ministério Público e o Tribunal de Querétaro para saber o que vem a seguir no processo.

A promotoria assegurou que vai continuar com a investigação do caso e incluiu a sentença. O tribunal não respondeu aos pedidos de informação.

Mônica garantiu que o treinador está tranquilo após a sentença. A advogada pediu que outras pessoas denunciem os maus-tratos aos animais.

“Conversando com Edgar, percebi eu não quero sangue, suor e lágrimas. Eu sinto que se fez justiça e me sinto feliz com o resultado e, sobretudo, por reconhecerem a perda irreparável para a humanidade”, finalizou Mônica.

Fonte: CNN Brasil


Nota do Olhar Animal: A notícia revela um outro problema além dos assassinato dos cães, que é o uso e exposição ao perigo de cães explorados por forças de segurança e de resgate. Qual é o interesse dos animais em estar lá, sendo submetidos a situações de risco? Certamente o interesse que está sendo observado é, mais uma vez, exclusivamente o humano. Com tanta tecnologia disponível, é lamentável que os animais ainda sejam usados para esse fim, ainda que, neste caso específico noticiado acima, a morte tenha sido causada por outras razões.

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