Ibama intensifica fiscalização no combate ao comércio ilegal de animais e plantas em aeroportos

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) intensificou as fiscalizações para combater o comércio ilegal de animais e plantas que entram e que saem dos aeroportos brasileiros.
VÍDEO: Ibama intensifica fiscalizações contra o comércio ilegal de biodiversidade em aeroportos
Em um desses casos, uma imagem feita pelo raio X do Aeroporto Internacional de São Paulo não passou despercebida pelo olhar treinado. Dado o alerta sobre a mala que vinha da Nigéria, os agentes do Ibama entraram em ação.
“Ao fazer a inspeção na bagagem, foi encontrado aí a cabeça de um macaco, né? Do gênero dos babuínos que é ameaçado de extinção. Nós encontramos também 40 roedores empalados, que são usados como iguaria e mais 4 crânios de aves”, relata o analista ambiental Fabio Murilo Wagnitz.
Cada pílula dourada vendida como remédio é fruto da crueldade que ameaça uma espécie em extinção: são cápsulas de bile retirada do fígado de ursos negros do Tibet. O passageiro que trazia a carga da Ásia foi multado em R$ 100 mil.
“Ele foi autuado e foi também encaminhado ao Ministério Público pra que se abra inquérito de investigação”, diz Lucas Fernando Cardoso Tino, técnico da unidade técnica do Ibama.
Muito do que passa pelo aeroporto ou pelos correios pode acabar detectado por aparelhos de raio x e pela experiência dos agentes do Ibama. Além das fiscalizações diárias, eles estão agora em força tarefa.
No terminal de cargas do aeroporto, na operação Hermes, o Jornal Nacional acompanhou a fiscalização de cargas de peixes ornamentais.
Eram filhotes de peixes da Amazônia com documentação fraudulenta. Estão agora em quarentena no Aquário de São Paulo.
Os agentes já pegaram peças de madeira nobre e cobiçada para fazer instrumentos musicais, saindo do país disfarçadas de artesanato. Cocares, que não podem ser vendidos, carregavam penas de aves em extinção.
Entre as cargas apreendidas estão pepinos do mar, barbatanas de tubarão e bexigas de peixes usadas para fazer sopa.
Tanto quem traz ou recebe quanto quem leva ou envia espécies como as que estão sendo apreendidas está cometendo infrações e crimes previstos na legislação nacional e em acordos internacionais. Isso sem falar no enorme risco da transmissão de doenças.
“Tem o risco também de trazer uma doença e as nossas espécies nativas adquirirem essa doença e espalharem e acabar com comunidades brasileiras”, completa Lucas Fernando Cardoso Tino.
Inteiros ou em pedaços, cerca de 40 mil animais e plantas em risco de extinção fazem parte de uma lista de proibições para comercialização e transporte.
A documentação, mesmo do que é permitido, precisa estar correta ou pode cair na malha fina das operações que o Ibama faz em conjunto com a receita, Polícia Federal e Ministério Público.
“A pessoa vai responder criminalmente por algo que muitas vezes ela pensa que não é tão grave. Mas é. Um crime comparado ao tráfico de drogas. Mesmo que o produto seja muitas vezes alimento”, contextualiza Fabio Murilo Wagnitz.
Fonte: Jornal Nacional