Interação com outro animal pode ter causado morte de coelha em hotel pet

Interação com outro animal pode ter causado morte de coelha em hotel pet
Reprodução/Redes Sociais

O resultado do exame necroscópico da coelha Nicinha, morta sob os cuidados da clínica veterinária e hotel para animais de estimação Jack’s Pet Resort, no final do último mês de novembro, foram divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A conclusão foi um quadro de politraumatismo.

Segundo a literatura, as causas de traumatismos em animais domésticos mais frequentes são atropelamento, briga ou agressão entre animais, quedas, agressão humana (maus-tratos) e de origem desconhecida. No caso de Nicinha, o politraumatismo observado teve como provável causa interação com outro animal, “podendo ter sido in vivo ou post mortem, nas regiões craniana, cervical, torácica e abdominal e com envolvimento dos membros torácicos, cursando com lacerações de pele, músculos e de órgãos parenquimatosos (fígado e pulmão) e ocos (estômago e intestino), além da fraturas completas de segmentos da coluna vertebral (cervical e lombar), de costelas e fraturas cominutivas de ossos cranianos (frontal e parietal)”, destaca o exame.

Resultado do exame necroscópico da coelha Nicinha (Arquivo pessoal)
Resultado do exame necroscópico da coelha Nicinha (Arquivo pessoal)

Nicinha era uma coelha lionhead – era considerada uma raça mini – e pesava apenas 2 quilos. Segundo sua tutora, a jornalista Thais Borges, Nicinha não poderia estar em contato com outros animais, principalmente maiores que ela, devido ao seu pequeno porte.

Em publicação realizada no Instagram, Thais destacou que seu bichinho foi encontrado, segundo o próprio resort, fora do cercado de proteção. “Nicinha estava sob os cuidados de pessoas que foram pagas para cuidar dela. Nicinha estava sob responsabilidade de pessoas que se comprometeram a cuidar dela; que disseram que hospedavam coelhos”, disse a jornalista.

 

 
 
 
 
 
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A tutora do animal, que move um processo judicial contra a Jack’s Pet Resort, diz que o resultado no exame será fundamental para o caso. “Eu estava muito abalada, mas, agora, com o laudo, vamos começar a avaliar quais são as medidas cabíveis”, disse, após conversa com seu advogado.

Procurado pelo CORREIO, o advogado que representa o resort, Marcel Ferraz, alegou que “o posicionamento jurídico da empresa já foi divulgado há algumas semanas”, mas não confirmou qual seria ele. “Sobre as questões processuais de eventual processo movido pela tutora do animal, quando a empresa for citada, apresentará defesa”, concluiu, sem acrescentar mais nada.

Relembre o caso

No último dia 29 de novembro, a dona de Nicinha contou que recebeu uma ligação do hotel pet, onde tinha deixado seu animal, contando que a coelha foi encontrada morta por equipes do Jack’s Pet Resort.

De viagem de férias em uma zona rural, Thais ouviu que seu animalzinho “havia ido a óbito”, sem muitas explicações.

“Saudável, muito bem cuidada, como todos que me conhecem sabem. Era acompanhada com consultas anuais pelo veterinário Rodrigo Arapiraca. Extremamente tranquila, de fácil manejo”, conta Thais.

Após as denúncias de negligência e maus tratos, o estabelecimento recebeu vistoria em uma ação conjunta entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Vigilância Sanitária (Visa) e Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV). Funcionando de forma irregular, o local foi notificado pela Prefeitura e autuado pelo Conselho.

De acordo com o CRMV, o estabelecimento recebeu autuação por falta de registro e, agora, terão um prazo de 30 dias para regularização. Isso significa que a empresa estava funcionando de forma irregular, sem registro junto a Autarquia Federal.

Além disso, o coordenador da Visa, Adriano Almeida, afirmou que o local estava funcionando sem alvará sanitário. “O hotel foi intimado e tem cinco dias para abrir processo de licenciamento sanitário na Visa. Além disso, responderá a outra intimação, com prazo de resposta de 72 horas, relacionada a higienização e organização dos ambientes”, declarou.

Fonte: Correio 24 horas

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