Jabuti com 320 pedras no estômago é operada em Uberaba, MG; suspeita é que ela as engoliu por fome
Uma jabota, fêmea do jabuti, foi submetida a uma complexa cirurgia no estômago de onde foram retiradas 320 pedras. O procedimento foi realizado nesta quarta-feira (17) no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), e o bicho, apelidado de Pérola, está bem e segue sob observação por, pelo menos, 60 dias.
Mas a recuperação total, que depende da cicatrização da carapaça, pode levar até um ano. A previsão é quem em dois meses ela seja transferida para o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Patos de Minas.
O animal adulto foi resgatado na rua pelo Corpo de Bombeiros no domingo (14) à noite, no Bairro Residencial Marajó I. Segundo os militares, um pedestre avistou a jabota e ligou para o 193. Após o resgate ela foi encaminhada ao HVU. A suspeita do veterinário responsável pelo hospital é que ela tenha fugido de alguma casa, já que é comum a criação desse animal no interior de Minas.
No hospital, após o atendimento, ela não quis comer nenhum alimento o que levou à suspeita dos profissionais de algum problema no aparelho digestivo. Por meio de uma radiografia foram detectadas as pedras no estômago do animal.
A cirurgia foi considerada complexa e levou quatro horas, devido à dificuldade para abrir a carapaça, que é muito dura. O procedimento foi realizado por cinco médicos-veterinários, sendo dois anestesistas e três cirurgiões. Foram extraídas mais de três centenas de pedras, entre grandes e pequenas.
O gerente clínico do HVU, Cláudio Yudi, reforçou a necessidade de uma conscientização sobre posse responsável e lembrou, inclusive, que a criação de animais silvestres sem o devido registro é ilegal.
Existe cachorro de rua, gato de rua e agora um jabuti de rua. Então, os jabutis também estão sofrendo com maus tratos. Ela possivelmente fugiu, estava perdida e passou fome, por isso comeu as pedras que encontrou no caminho”
Uma cirurgia complexa, como esta realizada na jabota, pode custar até R$ 3 mil, segundo Yudi. Mas uma parceira entre o HU, a Polícia Militar de Meio Ambiente e o Ministério Público de Minas Gerais possibilita a realização desses procedimentos, que trazem mais qualidade de vida aos animais silvestres resgatados na cidade e região.
Criatividade e pesquisa
O HVU é conhecido pela criatividade em criar próteses para animais resgatados. Alguns casos repercutiram, não só pelo bem estar proporcionado aos bichos, mas também pela inovação. Como o caso do cágado-de-barbicha que tinha deformidade nas duas patas traseiras e passou a se locomover melhor com uma prótese feita de pecinhas de Lego.
Outro procedimento de sucesso foi realizado com um carcará. Ele foi a primeira ave da espécie no Brasil a receber prótese de bico. ‘José’ foi resgatado sem o bico superior, possivelmente causado por atropelamento e recebeu a prótese desenvolvida por médico veterinário, junto com alunos da Universidade de Uberaba.
Quem também se deu bem foi uma seriema que, após ter pernas amputadas, ganhou próteses e reaprendeu a andar. Apelidada de “Maia”, ela chegou ao hospital com as duas patas quebradas, devido a um atropelamento em uma estrada na região. As próteses foram feitas de PVC e recobertas com esparadrapo.
Por Fabiano Rodrigues
Fonte: G1