Justiça obriga fim de matança de golfinhos na França
Antes de mais nada, as boas notícias sobre a pesca são raras. Motivo para comemorarmos a decisão do Conselho de Estado da França. Ele obrigou o país a fechar (no inverno) todas as áreas de pesca no golfo de Biscaia, responsáveis pela matança de golfinhos e outros pequenos cetáceos. Segundo o lareleveetlapeste.fr ‘as associações de proteção ambiental lutavam há anos para evitar o pior: o desaparecimento dos cetáceos das costas francesas.
Este ano, a matança foi particularmente intensa e precoce. Centenas de golfinhos encalharam, muitos deles mutilados no litoral atlântico francês pelas redes de pescadores. Segundo as fontes do mar sem fim, pelo menos 40 países são apontados como protagonistas na morte anual de pelo menos 100 mil golfinhos e pequenas baleias. Inclusive o Brasil.
Entenda o caso Francês
Os encalhes de golfinhos se multiplicaram nos últimos meses nas praias da costa atlântica da França. Neste inverno foram pelo menos 910, segundo contagem do observatório Pelagis. Na maioria dos casos, os animais mortos apresentam vestígios de captura por artes de pesca.
O Mar Sem Fim lembra que o documentário sensação Seaspiracy informa que na costa atlântica francesa cerca de 10 mil golfinhos são mortos anualmente pelas redes de pesca.
No caso da França, o lareleveetlapeste.fr atribui a vitória ‘”à Sea Shepherd France, à France Nature Environnement e à Associação para a Defesa dos Ambientes Aquáticos.’
Sempre dissemos neste espaço dos desatinos da pesca industrial mundial. Hoje podemos comemorar uma pequena vitória. Segundo o lareleveetlapeste.fr ‘ em 30 anos, a pesca causou a morte de 90.000 golfinhos no Atlântico Nordeste. Somente nos últimos dois anos, mais de 18.500 foram mortos no Golfo de Biscaia. A sobrevivência da espécie está em jogo, tanto que 1.500 cientistas se uniram para exigir o fechamento temporário das áreas de pesca mais mortíferas.
Comissão Europeia exigiu que a França tomasse medidas
É muito raro a UE tomar alguma medida, até porque parte de seus membros são alguns dos maiores pescadores Ocidentais, como a Espanha e Holanda, por exemplo. Contudo, desta vez ‘Até a Comissão Europeia exigiu que a França tomasse as medidas necessárias para impedir a carnificina que acontece todo inverno.’
Para se ter ideia, em 2017 a Comissão das Pescas do Parlamento Europeu votou a favor da utilização de pesca elétrica na Europa. O método consiste em redes de arrasto com pulsos elétricos. Ao reverem o regulamento das medidas técnicas, 23 deputados aprovaram um ‘compromisso político’ para expandir o número de arrastões na Europa. Esse acordo permite equipar cinco por cento da frota com “técnicas inovadoras, que agora incluem a pesca elétrica”.
Contudo, no caso francês, e segundo a mesma fonte, as associações que lograram a vitória vão se esforçar para que o país feche a pesca por três meses no inverno, e um no verão, desse modo dando uma chance aos mamíferos marinhos. Mas é claro que os pescadores franceses vão se beneficiar dos subsídios europeus.
Sobre este aspecto, os subsídios mundiais à atividade da pesca industrial alcançam a pornográfica cifra de US$ 35 bilhões de dólares. Isto demonstra a insustentabilidade da atividade.
Por último o site francês encerra sua matéria com esta frase:
“Pela primeira vez em anos, o resultado deste apelo fundamental perante o Conselho de Estado dá um vislumbre real de esperança para os golfinhos. Uma conclusão magnífica para uma batalha tão longa pela proteção do oceano.”
Saiba mais
Por João Lara Mesquita
21 de março de 2023
Fonte: Estadão