Lagarto cubano é comumente encontrado por moradores da Zona Noroeste de Santos, SP
Anolis porcatus virou figura comum na Zona Noroeste. Moradores daquela região da Cidade dizem conviver com o lagarto cubano que entrou clandestinamente pelo Porto de Santos, como A Tribuna já noticiou na edição do último sábado. Se então o réptil foi fotografado na Alemoa, agora é a vez dos “Eu tenho pânico”, confessa a dona de casa Maria Helena Soares sobre os lagartos de cerca de 20 centímetros de comprimento. “Todo mundo já foi visitado por eles”, completa, se referindo aos vizinhos do bairro.
De fato, é fácil encontrar quem já tenha visto o bicho por lá. “Ele ficou ali na árvore um bom tempo (aponta para a frente da casa). Eu achei estranho, porque parece uma lagartixa verde”, confirma dona Zélia Souza de Alfredo, também moradora do bairro.
Embora não seja especialista no assunto, a população já descobriu algumas peripécias do réptil. “Ele muda de cor, anda pelo muro. Faz uns seis meses que começaram a aparecer aqui no quintal”, diz seu Joaquim Marinho. “Acho que ele come inseto. A gente não mata, porque não faz mal nenhum”, analisa o comerciante.
“Ele é verde, mas meu marido disse que já viu ele ficar marrom”, concorda dona Zélia. “Já vi ele lambendo os pedaços de banana que ponho para os passarinhos”, diz ela.
O que fazer?
O biólogo Ricardo Samelo, responsável por identificar o lagarto na América do Sul (ele foi visto pela primeira vez em Santos), afirma que a população está em crescimento. “Eles passaram por um período reprodutivo na primavera e no verão”, explica.
O especialista orienta a população a não tratar o animal como bicho de estimação, pois lagartos podem carregar bactérias nocivas à saúde. “Não tire ele de onde está”, avisa.
Isso não quer dizer, entretanto, que o lagarto ofereça perigo quando circula pelos muros e telhados das casas.
O Anolis porcatus é originário de Cuba, mas também vive na Flórida e na República Dominicana, por onde já se espalhou. Especialistas acreditam que ele tenha chegado a Santos pelo Porto, escondido em um contêiner.
Já o também biólogo André Luís Andrade, especializado em animais silvestres, acredita que o lagarto tenha chegado ao Brasil por causa do tráfico de animais. “Há cerca de cinco anos comecei a vê-los por aqui. Fui analisar alguns até mesmo no Orquidário. Então, para mim, é a hipótese mais provável”, finaliza.
Por Fernando Degaspari