Laudos e testemunha inocentam comerciante de Valinhos (SP) suspeito de ferir cachorro com tiros, diz delegado
Laudos do Instituto de Criminalística (IC) atestam que o comerciante de 64 anos detido pela Polícia Militar em Valinhos (SP) no dia 2 de agosto, suspeito de ferir um cachorro com dois tiros, não efetuou disparos de arma de fogo. Na ocasião, a PM alegou que foi ao local após denúncia anônima e apreendeu no imóvel um revólver e munições.
De acordo com o delegado responsável pelo Setor de Investigações Gerais do município, Sandro Jonasson, a testemunha do caso, apresentada pela PM, “contradisse de forma veemente tudo o que fora alegado pelos policiais militares na apresentação da ocorrência.”
Para Jonasson, a ocorrência, inicialmente desenhada para uma investigação por disparo de arma de fogo e crueldade contra animais, caminha para “abuso de autoridade”.
“Entraram na residência do comerciante sem um mandado, como deveria ser. Os laudos periciais apontam que não havia resíduos de pólvora nas mãos do comerciante e também que a arma, registrada, não apresentava indícios de disparos recentes. No mínimo, há uma discrepância no que foi relatado pelos PMs. A Corregedoria será notificada”, avisou.
O advogado do comerciante, Jonas Sabbatini, ressaltou que tinha a certeza da inocência do cliente e que agora “serão apuradas as responsabilidades pela falsa imputação de crime ao comerciante”.
“Ninguém identificou quem fez os disparos, não há provas”, destacou Sabbatini à época. Em depoimento à Polícia Civil, o comerciante destacou que tem vários animais, entre eles cachorros, gatos e cavalos, e tem “carinho por eles”. Além disso, alegou ter se sentido constrangido durante a abordagem.
Procurada pelo G1, a Polícia Militar comentou o assunto em nota nesta terça-feira (29). Segundo o texto enviado pela chefe do setor de comunicação do 35º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I), responsável pelo policiamento na área, “foi apreendida na residência do comerciante uma pistola calibre 380, bem como carregadores e munições e que a detenção dele se deu pela “posse irregular de arma”.
O 35º BPM/I destaca ainda que o “comerciante autorizou por escrito a entrada dos policiais militares em sua residência para a devida vistoria e que em nenhum momento os policiais militares imputaram o disparo de arma de fogo ao suspeito.”
Segundo a PM, a “averiguação foi feita devido a “denúncia anônima sobre possível disparo de arma vindo daquela residência e sobre animal ferido”.
O caso
A Polícia Militar alegou que foi ao local após denúncia anônima e apreendeu na casa do suspeito um revólver, dois carregadores com cinco munições intactas e sete deflagradas, uma carabina de pressão e uma balestra – arma branca com aparência de espingarda, com arco de flechas acoplado.
“Ele não tem nenhuma passagem criminal, é um cidadão respeitado pela comunidade. Ninguém viu o momento do disparo ou este comerciante com a arma”, explicou, na época, o delegado Sandro Jonasson.
O animal foi levado para o Centro de Zoonoses de Valinhos, onde foi examinado. Na sequência, foi operado em clínica particular e passa bem.
Nota do Olhar Animal: E a investigação para descobrir que cometeu o crime continuará? É o que se espera…