Luna confiou na pessoa errada e acabou por ter a pata cortada por uma roçadeira

Luna nunca perdeu o sorriso. Nem mesmo quando tinha a “pata presa por peles”, parou de estar feliz e agradecida por quem a estava a ajudar. No entanto, a sua alegria nata não lhe safou a perna. Nem o trauma que ficará para o resto da vida.
Sílvia Lopes, 46 anos, é uma conhecida amante e ativista pela causa animal do município de Felgueiras, no distrito do Porto. Por isso, está mais do que habituada a receber telefonemas e a responder a pedidos de ajuda para salvar cães e gatos errantes. Mas desta vez era diferente.
“Uma amiga minha ligou-me no sábado, 17 de junho, a dizer-me que precisava urgentemente de ajuda. Disse-me que tinha uma cadela bastante ferida, que tinha sido cortada por um dos homens que estava a roçar a vegetação do terreno ao pé da casa dos tios”, revela à PiT.
Apesar da descrição da amiga, Sílvia nunca pensou que a situação fosse tão grave: “Ao início, até disse que não podia ir ter com ela naquele momento. Pensei que tinha sido só um pequeno golpe”. Só depois é que a amiga explicou melhor o que tinha acontecido, de acordo com o relato do seu tio, que tinha assistido a tudo.
Luna era uma cadela de rua, que costumava andar a vaguear por aquela zona. O tio da amiga da Sílvia até costumava alimentá-la e nutria um grande carinho por ela. Por isso, foi com grande choque que viu a cadela a aproximar-se de dois trabalhadores, que estavam ao pé de sua casa, e a ser atingida com a roçadeira de um deles. Os olhos dele queriam acreditar que tinha sido sem querer, mas nada apagava a imagem que tinha do homem a pegar propositadamente na lâmina e a atingir o animal indefeso com ela.
“Liguei logo para a clínica a perguntar se a podiam receber. O doutor até disse que ia ver se arranjava tempo para ela. Também ele não tinha bem noção do que tinha acontecido”, continua a protetora. A verdade é que, mal Luna chegou ao Centro Veterinário de Felgueiras, foi logo atendida pelo médico veterinário João Sampaio.
A cadela esteve quatro horas e meia dentro do bloco operatório. Saiu de lá apenas com três patas, pois, para manter a que tinha sido cortada, necessitava de uma reconstrução, que custaria milhares de euros, mas com vontade de ser feliz. Algo que Sílvia estava disposta a dar-lhe.
Luna já teve alta da clínica veterinária, mas ainda não foi para uma casa definitiva. Em vez disso, é Sílvia quem está a cuidar dela, até encontrar outra solução: “O tio da minha amiga queria muito ficar com ela, mas ele é uma pessoa mais idosa e com poucas condições para tratar dela. Além de que não queria que ela voltasse ao sítio onde lhe fizeram isto”, confessa.
Enquanto não arranja uma opção melhor, Luna ficará num local adequado para recuperar e para não ganhar infeções. Mas o seu processo de adoção não é o único em mãos. Só não são as de Sílvia.
Quem foi o “monstro” que cometeu este golpe traiçoeiro?
Luna não é uma cadela agressiva. Até mesmo quando estava a tremer de dores, não arriscou morder uma única pessoa que a tentou ajudar. Por isso, quem era capaz de maltratar um animal como este?
O tio da amiga de Sílvia conseguiu identificar o “fulano” que a cortou com a roçadeira, e até o número de telemóvel consegui arranjar. Desta forma, dirigiu-se à Guarda Nacional Republicana (GNR) e fez denúncia do ato hediondo que tinha testemunhado.
A GNR perguntou onde estava a cadela e quem ficava a seu cuidado. Mais tarde, ligou para a clínica a confirmar que Luna estava lá e pediu ainda ao canil municipal que a fosse buscar. Algo que Sílvia não compreendeu porquê: “Acho que a GNR não ficou muito sensível à causa. Se ele já tinha dito que eu ficava a cuidar dela, não precisava de ter acionado o serviço para a irem buscar”.
Ainda assim, Sílvia está a deixar o processo andar. Mas não vai ficar sentada de braços cruzados. Em vez disso, pediu aos tios da amiga para fazerem uma nova queixa no Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), que está encarregue de resolver este tipo de maus-tratos. E assim fizeram.
Agora, resta esperar. Enquanto isso, Sílvia procura alguém para adotar Luna, que já mostrou ter muito amor para dar, e pede ajuda para conseguir pagar as despesas do veterinário. Veja como contribuir através da sua publicação de Facebook.
Carregue na galeria para ver o ato monstruoso de que Luna foi alvo. Alertamos os leitores mais sensíveis para imagens extremamente chocantes.
Por Carolina Jesus
Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original