Macacos são resgatados com sinais de intoxicação e violência em Rio Preto, SP

Macacos são resgatados com sinais de intoxicação e violência em Rio Preto, SP
Macaco com lesões no fêmur e teve que dar ponto na gengiva (Johnny Torres)

Quatro macacos foram resgatados nesta quarta-feira, dia 3, por profissionais do Zoológico Municipal de Rio Preto e pela Polícia Ambiental com sinais de intoxicação e violência. Os resgates aconteceram na Mata dos Macacos e na Cidade da Criança, em Rio Preto. A suspeita é que os atentados estejam relacionados aos recentes casos de varíola dos macacos registrados na cidade ou à biopirataria (tráfico de animais). Os macacos não transmitem a varíola.

Segundo Guilherme Guerra Neto, médico veterinário e gestor do Zoológico Municipal, ao menos 20 macacos-prego foram encontrados na manhã desta quarta-feira, 3, com sinais de intoxicação na Mata dos Macacos, entre Rio Preto e Bady Bassitt. “Os animais estavam desorientados e apresentavam sinais de intoxicação. Além disso, dois estavam em estado mais grave, por isso, levamos ao Zoológico para receber atendimento”.

Identificadas como duas fêmeas e com aproximadamente cinco anos de idade, os animais passaram por exames e permanecem internados na clínica veterinária do Zoológico Municipal. “Uma delas tinha lesões no fêmur e teve que dar ponto na gengiva. Já a outra estava com graves sintomas de intoxicação. Ambas, passaram por exames e o resultado deve apontar o que causou a desorientação e a violência”, explicou.

De início, a suspeita da Polícia Ambiental era de tráfico de animais, pois uma armadilha utilizada para capturar macacos foi encontrada próxima de onde os animais estavam na mata. “Nesses casos, é comum as pessoas embriagarem ou envenenarem os macacos para capturar com maior facilidade”, explicou Guilherme.

Contudo, na tarde de quarta-feira, 3, dois saguis foram encontrados desorientados e com sinais de intoxicação na região da Cidade da Criança de Rio Preto. Por ter sintomas parecidos com os resgatados na Mata dos Macacos e não terem sido encontradas armadilhas, ganhou força a segunda motivação para os ataques contra os primatas: atentados relacionados aos recentes casos de varíola dos macacos registrados em Rio Preto.

“A gente trabalha com duas hipóteses. Uma que esses animais foram sedados através de alimentação para ficar mais fácil de serem capturados. Ou que estão sendo envenenados por receio da doença. Mas é importante esclarecer para a população que os macacos não transmitem a varíola, apesar do nome varíola dos macacos”, afirmou Fábio Luiz Leme, tenente da Polícia Ambiental de Rio Preto.

Como forma de coibir os ataques, a Polícia Ambiental de Rio Preto promete intensificar a fiscalização nas regiões de mata. “Também vamos passar para o nosso setor de inteligência para tentar identificar o autor desses ataques”, disse Leme.

Atualmente, a legislação ambiental prevê de multa e até prisão para quem ataca animais. Essa não é a primeira vez, que macacos são atacados por conta de desinformação em Rio Preto. Em 2018, falsas informações sobre a febre amarela levaram diversos macacos a serem mortos na cidade.

Andreia Negri, coordenadora de Vigilância em Saúde de Rio Preto, explica que a doença não é transmitida do contato entre humanos e macacos, mas sim entre humanos infectados pela doença. “A varíola dos macacos é transmitida pelo contato entre pessoas, ou seja, através de relações íntimas com pessoas com a doença, divisão de objetos no domicílio, como lençol e toalhas”.

Região tem 3 casos da doença

Cientificamente conhecida como Monkeypox, a varíola dos macacos tem como sintomas lesões parecidas com espinhas ou bolhas no rosto, dentro da boca, mãos, pés, peito, genitais e ânus. Também é comum caroço no pescoço, axila e virilha.

“O macaco não está envolvido nessa cadeia de transmissão e não deve ser alvo de nenhuma violência, pois a transmissão ocorre de humano para humano”, falou Andreia Negri, da Vigilância em Saúde.

Atualmente, a região de Rio Preto contabiliza três casos de varíola dos macacos. As vítimas são dois rio-pretenses e um morador de Bady Bassitt, que já está recuperado do vírus. A orientação é que pessoas que viajaram no último mês monitorem os sintomas e, diante de suspeita, procurem um médico.

A doença ganhou esse nome porque foi identificada pela primeira vez em macacos. O primeiro caso em humanos foi registrado em 1970, na República Democrática do Congo. Desde então, tornou-se endêmica no continente africano. A preocupação atualmente se dá pelo registros em partes diferentes do mundo. No Brasil, são cerca de 1,5 mil casos e uma morte. (RC)

Macaco resgatado foi levado para o Zoológico de Rio Preto (Johnny Torres)
Macaco resgatado foi levado para o Zoológico de Rio Preto (Johnny Torres)

Por Rone Carvalho

Fonte: Diário da Região


Nota do Olhar Animal: Mesmo que a transmissão ocorresse dos animais para os humanos, isso não justificaria violência alguma contra os animais. As agressões continuariam sendo imorais.

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