Mal súbito em cães: entenda o que pode ter levado à morte cachorro que tomou banho em pet shop

Mal súbito em cães: entenda o que pode ter levado à morte cachorro que tomou banho em pet shop
Animal morreu dentro de uma pet shop em Campo Grande. — Foto: Rosane Martins/Arquivo Pessoal

A tutora Rosane Martins deixou o cachorro Luizinho, de 8 anos, em um pet shop para realizar procedimentos de banho e tosa, e, horas depois, recebeu a notícia da morte do pet. O g1 entrou em contato com o estabelecimento, que informou que o animal teve uma morte súbita. Em entrevista, o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS), Thiago Leite Fraga, explica o que pode ter levado o cão à morte.

Segundo o especialista, diferente do que muitas pessoas podem achar, o mal súbito não é uma doença, mas sim um sintoma de que algo não está bem. Fraga esclarece que as causas do mal súbito são diversas, desde doenças genéticas que os tutores desconhecem a doenças cardíacas, intoxicação, entre outras complicações.

“O mal súbito é uma morte de forma abrupta, que pode acontecer com animais e seres humanos. Um cão de 8 anos é um sênior, que pode ter alguma doença que não foi identificada. O mal súbito em cachorros pode ser causado por cardiopatia, doenças respiratórias, doenças neurológicas ou intoxicações alimentares”.

Pet morreu em pet shop de Campo Grande. — Foto: Rosane Martins/Arquivo Pessoal
Pet morreu em pet shop de Campo Grande. — Foto: Rosane Martins/Arquivo Pessoal

O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do estado destaca que doenças hormonais também são exemplos de disfunções, que alguns tutores desconhecem, e podem causar mal súbito em animais. O estabelecimento de pet shop alega que o cachorro morreu após uma convulsão durante o momento em que era secado.

O especialista afirma que a causa da morte de Luizinho só seria confirmada com exame de necropsia, que iria identificar a causa da morte e/ou de lesões por meio de uma avaliação completa e sistêmica dos órgãos, tecidos e cavidades. Contudo, o cão foi cremado no pet shop no mesmo dia em que veio a óbito.

“O que comprovaria a causa da morte seria o exame de necropsia, um profissional responsável não poderia ter autorizado a cremação sem antes realizar exames para entender o que aconteceu. O cão de fato poderia ter tido um mal súbito, mas o que comprovaria seria o exame, que agora é impossível de ser feito”.

Em contato com o g1, o pet shop informou que a morte de Luizinho foi uma fatalidade. Segundo o veterinário responsável, o cão teve uma morte súbita e que todos os procedimentos para salvar o animal foram realizados. O estabelecimento também lamentou a morte do animal.

Presença de veterinários em pets

Fraga aponta que uma determinação judicial estabelece que a atividade de pet shop não é exclusiva aos médicos veterinários, o que dispensa a presença dos profissionais no estabelecimento. “A presença de um médico-veterinário em banho e tosa é obrigatória e essencial para acompanhar todas as etapas. O profissional será responsável por qualquer adversidade que aconteça”.

“É comum encontrar locais que operam de forma clandestina, oferecendo serviços de consultório, aplicação de vacinas e banho e tosa, o que fomenta a prática ilegal da profissão. Essa situação pode resultar em casos como o desse cachorro que morreu subitamente, sem uma causa aparente”.

Entenda o caso

A tutora relatou que levou o cachorro para realizar procedimentos de banho e tosa em um pet shop, no bairro Caiçara, em Campo Grande, e recebeu as cinzas do animal. Após receber a notícia da morte, Rosane foi de imediato ao pet shop. No local, começou a buscar informações sobre a morte de Luizinho.

“Eu deixei o Luizinho e a Belinha no pet, às 12h30, e fui para o trabalho. Quando eram 16h01, recebi uma mensagem. Era o médico veterinário me perguntando se era tutora dos cachorros. Perguntei se os cachorros estavam prontos, o médico não respondeu. Liguei e pediram para que eu fosse ao local, avisaram que tinha acontecido um acidente com o Luizinho. Insisti para saber o que tinha acontecido e falaram que o meu cachorro tinha ido a óbito”, relembrou Rosane.

Animal era o chamego do filho de Rosane. — Foto: Rosane Martins/Arquivo Pessoal
Animal era o chamego do filho de Rosane. — Foto: Rosane Martins/Arquivo Pessoal

Ao saber da morte, Rosane acionou a Polícia Militar, que foi ao pet shop e orientou a tutora a registrar o boletim de ocorrência. “Aceitei que ele fosse cremado, me informaram que o procedimento demoraria oito dias. No outro dia, fui à delegacia, e a polícia me orientou a retirar o corpo e realizar o procedimento de necropsia para investigar a morte do Luizinho”.

Entretanto, a entrar em contato com o pet shop para cancelar o processo de cremação, a tutora recebeu a informação de que Luizinho já havia sido cremado e que as cinzas estavam chegando na casa dela.

“Eu queria pelo menos as cinzas. Mas pensei que o processo para cremar ia demorar. Pedi o corpo, e me informaram que já tinham cremado meu cachorro. Disseram que anteciparam o procedimento. Deixei meu cachorro saudável e recebi as cinzas dele em casa.”

O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (Decat). Além das investigações na polícia, a tutora entrou com uma ação na Justiça contra o pet shop.

Por José Câmara e Rafaela Moreira

Fonte: g1


Nota do Olhar Animal: O que parece extremamente estranho no caso foi a atitude do pet shop de cremado o animal, impedindo que uma necropsia fosse feita. Cremos que o ordenamento jurídico não prevê, mas o ato deveria ser considerado como maus-tratos presumidos. Ou que como obstrução com pena idêntica a dos maus-tratos.

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