Massacre de cães em Ribeirão das Neves (MG): Polícia Civil não descarta motivação política
A ligação entre o deputado Osvaldo Lopes (PSD) e o abrigo em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, onde 65 cães morreram nesse sábado (14), não é descartada como influência para um possível crime. A informação foi divulgada pela Polícia Civil de Minas Gerais em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (16), dois dias após a ocorrência.
O deputado estadual Osvaldo Lopes é conhecido por defender a causa animal e tinha a tutela de onze dos cães abrigados no lar temporário. O parlamentar chegou a oferecer uma recompensa para quem fornecesse pistas sobre os suspeitos do crime, mas, até a tarde desta segunda, declarou a O Tempo que não havia recebido nenhuma denúncia.
Segundo a delegada Stefhany Martins, que comanda a investigação, nenhuma linha será descartada do inquérito. Lopes, por sua vez, não acredita que o suposto crime tenha tido motivação política. Até o momento, a dona do abrigo, o filho e o marido dela foram ouvidos e outras testemunhas serão convocadas a depor.
A Polícia também não tem suspeitos, mas, de acordo com a delegada, nomes com suspeita e/ou condenação por maus-tratos em datas anteriores em Neves serão investigados.
Dos 65 cães mortos, 18 foram cremados e 47 foram encaminhados para necropsia e serão analisados no Centro Universitário UniBH. “A pena para o crime varia entre 3 meses e um ano, mas pode ser acrescida de um sexto a um terço caso haja morte, e nesse caso foram muitas”, explicou Martins.
Morte por estresse
O médico veterinário Aldair Pinto, do Uni-BH, contou à reportagem de O Tempo que, além da possibilidade de intoxicação ou envenenamento, o estresse no transporte pode ter causado a morte dos animais. “Já aconteceu antes, em São Paulo, não há muito tempo. O transporte inadequado pode causar hipertermina e provocar esses sintomas nos animais, que podem morrer”, explicou.
Os cães começaram a apresentar sintomas no percurso entre a sede do abrigo em Ribeirão das Neves e a nova casa que eles ocupariam, em Contagem. Em entrevista a O Tempo, Cláudia Araújo, dona do abrigo, contou que os animais foram transportados em um caminhão e em carros de amigos.
A escola de veterinária do centro universitário foi chamada por Osvaldo Lopes para entrar no caso. O professor contou que esteve no local no sábado, quando se deu a ocorrência, mas os veículos que a dona do abrigo afirmou ter usado para transportar os animais já não estavam lá. “Visitei os que ainda estão internados e eles também podem ter sido vítimas do mesmo problema, mas ainda precisamos da necropsia para saber mais”, disse.
Os exames nos 47 cães dependem da presença da Polícia Civil para serem realizados. As análises devem começar nesta terça-feira (17) e ir até quarta-feira (18), mas ainda não há previsão para divulgação do laudo.
Por Daniele Franco
Fonte: O Tempo