Ministério Público abre investigação criminal contra bolsonarista que marcou número do presidente no rosto de bezerro

Ministério Público abre investigação criminal contra bolsonarista que marcou número do presidente no rosto de bezerro
Bezerro foi marcado no rosto com número 22 — Foto: Reprodução

O caso de uma veterinária que fez um vídeo usando ferro quente para marcar o rosto de um bezerro com o número 22 será investigado criminalmente pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO). O procedimento foi aberto nesta quinta-feira (20) para apurar possível ato de maus-tratos a animal. A marcação não corresponde ao padrão exigido.

VÍDEO: Veterinária marca número 22 no rosto de bovino

A advogada Marianna Ferraz de Azevedo Barros informou na sexta-feira (21) que a marcação do bezerro aconteceu em uma propriedade no Pará. “Já estou entrando em contato com eles para falar acerca disso. Não tem nenhuma denúncia. Essa medida do Ministério Público é extrajudicial, preliminar, para saber o que aconteceu”, disse a advogada.

Após o vídeo da marcação viralizar, a veterinária Fernanda Paula Kajozi confirmou que é apoiadora do presidente, mas disse que número seria uma marcação de rebanho e negou motivação política. (Veja resposta abaixo) O caso também está sendo apurado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins.

As imagens, compartilhadas na internet nesta quarta-feira (19), mostram o animal sendo contido por um homem enquanto a veterinária pisa no focinho e faz a marcação com ferro quente. O vídeo foi compartilhado com áudio de uma música que diz ‘vota, vota e confirma. 22 é Bolsonaro’.

A investigação criminal foi aberta pela 12ª Promotoria de Justiça de Araguaína, que atua na área de defesa do meio ambiente.

O MPE destacou que o crime de praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais é punível com pena de detenção de três meses a um ano, mais multa. Não há um prazo para que o procedimento seja concluído.

Entenda

A imagem do bezerro sendo marcado foi questionada por influenciadores e protetores de animais.

De acordo com o Ministério da Agricultura, existe liberação para marcação no rosto para vacinação e controle de rebanho. No entanto, em nenhuma delas mostra como padrão a forma feita pela veterinária, com o número 22.

No caso de fêmeas vacinadas contra a brucelose, o que especialistas apontam ser o caso filmado, o padrão é usar a sigla ‘V’ ou o último algarismo do número do ano da vacinação, no caso 2, seguindo a orientação do Ministério da Agricultura.

Após a repercussão do caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins informou que vai abrir uma investigação para adoção das medidas cabíveis.

“Caso fique provado ilícito, a profissional poderá responder Processo Ético que será analisado e julgado em Plenária, podendo ser punida”, disse o órgão.

O que diz a veterinária

Após a repercussão nas redes sociais o vídeo foi excluído pela veterinária que também resolveu trancar a página no Instagram. Fernanda Paula Kajozi ainda gravou um vídeo se explicando, este arquivo também foi excluído, mas ainda aparece em outras páginas. Na imagem, ela confirma que fez a marcação, mas que estava fazendo por controle de rebanho — apesar de não estar no padrão do Ministério da Agricultura — e confirmou ser apoiadora de Bolsonaro.

“Eu não marquei 22 na cara do bezerro por conta do Bolsonaro, não. É porque você marca na cara do bezerro o ano, na paleta você marca o mês e atrás, na anca do bezerro, você marca a marca da propriedade, no caso a do meu pai é F1. Eu apenas filmei fazendo um procedimento que desde o mês um está fazendo e até o mês 12 vai estar fazendo. Ano que vem vai ser 23 e assim sucessivamente. Então não tem nada a ver com Bolsonaro. Mas eu sou Bolsonaro”, disse.

Fonte: G1

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