Morador de rua pede justiça para cachorro de estimação morto por GCM no litoral de SP

Morador de rua pede justiça para cachorro de estimação morto por GCM no litoral de SP
Os órgãos de Zoonoses e a Polícia Civil foram acionados para investigar o ocorrido. O corpo do animal foi encaminhado para perícia no Centro de Controle de Zoonoses do município. O caso segue em investigação pela Polícia Civil (Arquivo Pessoal)

Uma denúncia anônima de extrema gravidade levanta a suspeita de que um Guarda Civil Municipal da cidade de Caraguatatuba teria matado o cachorro Pintado, de um morador de rua no domingo (2). Segundo o denunciante, que optou por manter sua identidade em sigilo, o animal teria sido executado sem motivo aparente.

“A pessoa responsável já se entregou e está afastada, trabalhando internamente, aguardando o desfecho das investigações. Ele não pode continuar exercendo a função, é doente!”, informou a fonte.

Segundo apuração da equipe de reportagem do Portal Costa Norte, o tutor do animal acompanhado de sua esposa, ambos em situação de rua, estavam descansando após o almoço, por volta das 11h da manhã, no local costumeiro, debaixo da ponte na avenida Geraldo Nogueira da Silva no bairro Indaiá, quando chegaram agentes da Guarda Civil Municipal.

O conflito

Com a chegada dos agentes de segurança, os dois cães do casal com aproximadamente 2 anos de idade, que estavam presos em coleiras, começaram a latir. Segundo o relato, os agentes se aproximaram para realizar uma busca por drogas e receberam permissão dos moradores que afirmaram que os animais eram dóceis. No entanto, repentinamente, um dos guardas efetuou um disparo de arma de fogo contra o cachorro, resultando em sua morte.

As vítimas foram obrigadas a enterrar o animal e ainda passaram por ameaça de morte caso denunciassem o crime. O Portal Costa Norte optou por não identificar a vítima para preservar a sua segurança, mas obteve informações do Boletim de Ocorrência, nele a vítima relata que escutou os outros guardas não apoiarem a situação: “Enquanto cavava a cova, ouvi eles dizerem: você é louco, não precisava disso”.

A companheira do tutor dos cachorros ficou assustada, foi embora e nunca mais voltou.

A Polícia Civil foi acionada para investigar a ocorrência, e o Centro de Controle de Zoonoses foi chamado para desenterrar, recolher e encaminhar o corpo do animal para perícia, onde foi constatado a morte por disparo de arma de fogo. O caso segue em investigação.

Em comunicado oficial, a prefeitura de Caraguatatuba declarou: “Após receber denúncia de uma ocorrência envolvendo a abordagem de um morador de rua e seu cachorro, a prefeitura de Caraguatatuba teve acesso a um boletim de ocorrência lavrado pela Polícia Civil, no qual a vítima relata os fatos”.

Conforme informado na nota, a Corregedoria da Guarda Civil Municipal instaurou uma sindicância interna para apurar as informações e identificou o profissional envolvido, afastando-o de suas funções e recolhendo sua arma.

A Lei de Maus-Tratos aos Animais no Brasil

No Brasil, a Lei Federal nº 9.605/98 especifica os crimes e estabelece as penas nos casos de abusos e crueldade. Ela define maus-tratos como qualquer ação ou omissão que resulte em sofrimento físico ou mental aos animais, além de determinar punições para os infratores. A lei se aplica a todas as espécies de animais e estabelece que é dever do Estado e da sociedade protegê-los.

Principais aspectos e punições previstos na lei:

Crueldade: é proibido submeter os animais a qualquer tipo de crueldade, seja ela física ou psicológica. A proibição abrange a violência, tortura, envenenamento e mutilação entre outros atos cruéis.

Abandono: abandonar animais domésticos é crime. A pessoa está sujeita às penalidades previstas.

Criação e comércio ilegal: são proibidos a criação e o comércio ilegal de animais, bem como a participação em rinhas e outros eventos que envolvam maus-tratos.

As punições para aqueles que violam a lei variam de acordo com a gravidade do crime, podendo incluir multas, prestação de serviços à comunidade, suspensão de atividades, apreensão dos animais e até mesmo detenção.

Por Amanda Oliver

Fonte: Costa Norte

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.