Morador de rua reencontra cãozinho na saída da internação por Covid em São Carlos, SP

Morador de rua reencontra cãozinho na saída da internação por Covid em São Carlos, SP
Alberto e a cadelinha se reencontraram após internação. Foto: Divulgação

A vida de todos é marcada por encontros e despedidas. Mas ninguém é capaz de seguir essa longa jornada sozinho, sem amigos. Sejam pessoas ou nossos companheiros, os bichinhos de estimação.

A história de Alberto Waldemar Andriano, de 73 anos, traduz muito bem isso. Já trabalhou como pedreiro, mecânico e hoje tem como lar uma van. Ele usa o veículo para viajar pela região. Sempre acompanhado de sua família: duas cadelinhas.

Nesse período de pandemia, o idoso foi infectado pelo Coronavírus. Ele passou mal na cidade de Aguaí e foi atendido em um posto de Saúde, mas decidiu retornar para São Carlos.

Em um posto de combustíveis da rodovia Washington Luís (SP-310), onde costuma parar a van, ele passou mal, e foi socorrido por uma ambulância da Concessionária Eixo. O destino foi o Centro de Triagem do Ginásio “Milton Olaio Filho”. Até no momento do transporte, as cachorrinhas foram com o dono. Mas com a internação, tiveram que se separar.

Os animais foram levados para uma ONG em Brotas, que tem parceria com a concessionária Eixo e cuida dos animais recolhidos. A veterinária Camila Martinelli disse que os dois animais foram levados para um sítio, que é usado para abrigar os bichinhos. As duas cadelas foram batizadas de “Chambinha”.

“O trabalho da concessionária Eixo, de tirar esses animais das rodovias, é fundamental, pelas vidas dos animais e das pessoas. Eles tiram para não causar um problema maior e eu cuido até achar o proprietário. No caso do seu Alberto, ficamos com a “Chambinha” até que ele se recuperasse e tivesse alta”, explica a veterinária.

Do Centro de Triagem, Alberto foi transferido para a Santa Casa de São Carlos no dia 20 de agosto e recebeu alta nesta quinta-feira (26/08). No estacionamento do hospital, a surpresa: a cadelinha “Chambinha” foi trazida pela concessionária, com apoio da Prefeitura de São Carlos, para reencontrar Alberto. A outra cadelinha “Chambinha”, que havia fugido, foi encontrada no fim da tarde desta quinta-feira (26) pela ONG de Brotas.

“Eu não tenho nem palavras para agradecer. Fui muito bem recebido e, na minha saída, ainda reencontrar a minha cadelinha. Só tenho que agradecer de coração mesmo”, relata Alberto.

O paciente também ganhou um kit do grupo de voluntárias da Santa Casa, com toalhas, cobertores e produtos de higiene pessoal. A médica residente em clínica médica, Débora Garcia Gullo, foi uma das profissionais de saúde que cuidaram de Alberto nos setores Covid da Santa Casa. Descobriu que ele vivia sozinho e que a família dele eram as cachorrinhas.

“Ele falou que não teve a oportunidade de casar e ter filhos e que realmente não tem ninguém, mas que compartilha a vida com as cachorras e isso tocou bastante a gente. Eu sou apaixonada por animal de estimação e foi o que eu falei para ele hoje, que eu agradeço por tê-lo conhecido e compartilhado essa história com a gente”.

Para a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Crislaine Mestre, o que mais chamou a atenção foi a relação de amizade entre eles. “A gente quando está doente tem toda a família em volta e a família dele são esses animais e a gente percebeu a amizade que tem dele para os animais e dos animais para ele, e isso comoveu a todos nós, além do ato de solidariedade de toda a equipe”, comenta.

Toda a surpresa foi um exemplo da importância do atendimento humanizado na Santa Casa. A psicóloga Juliana Tedesco, coordenadora do Centro Integrado de Humanização da Santa Casa, ressalta que “falar de humanização é tratar com individualidade cada paciente que está dentro do hospital e o vínculo desse paciente com as cadelinhas é algo muito importante, é muito bonita a história dele”, afirma.

A médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção relacionada à Assistência em Saúde (SCIRAS) da Santa Casa, Carolina Toniolo Zenatti, resume toda essa bela história que teve um final feliz.

“A gente viu que era uma pessoa que tinha várias necessidades, não só financeira mas também afetiva, e a gente viu a importância que as cadelinhas tinham para ele, isso é inclusive importante para a reabilitação, então a gente se esforça para fazer essas ações, para dar o suporte integral que ele precisa”.

Fonte: A Cidade ON

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