Morre cão de torcedor do Flamengo que rifou ingresso para salvá-lo

Morre cão de torcedor do Flamengo que rifou ingresso para salvá-lo
Reprodução/Instagram

O cão Doze – meio sharpei, orgulhosamente vira-lata, como os donos o definiam – morreu no último dia 2 de março, às 21h12, vítima de câncer. Em 2019, ele ficou famoso – chegou a sair no Fantástico – ao ser personagem central de uma aventura de Danilo Mello e Renata Ragi para salvá-lo. Sem dinheiro para bancar o tratamento, eles decidiram rifar um ingresso para assistir o Flamengo na semifinal da Copa Libertadores, fase que o clube não alcançava há 38 anos. Na ocasião, os bilhetes estavam esgotados e a procura era gigante por uma vaga no Maracanã.

A meta de arrecadar R$ 7 mil foi amplamente superada. A história viralizou, muitos ajudaram somente para ver o Doze melhor e o valor final foi de R$ 34 mil. “A gente havia estipulado os R$ 7 mil porque não sabia dos outros caroços que iam aparecer. Graças àquela ajuda, nesse um ano e meio, o Doze viveu alegre, brincando, como se aquilo fosse só um problema estético”, agradece Danilo. Doze tinha seis anos de vida.

A ideia dele e da namorada Renata era bancar o tratamento de Doze e o dinheiro que sobrasse doar para uma entidade que cuida da cães abandonados. O objetivo final não pôde ser cumprido. Nesse um ano e meio, o cachorro precisou passar por cinco cirurgias, mais de 50 sessões de quimioterapia, o que consumiu toda a verba arrecadada. “A gente tentou de tudo. Chá de graviola, cannabidiol, fora os remédios da quimioterapia. Ele tomou remédio um ano e meio sem parar. Eu tenho certeza que foi isso que o manteve vivo todo esse tempo”, diz o torcedor do Flamengo.

Ainda sob o luto da perda de Doze, Danilo e Renata montaram um cantinho dentro de casa para sempre lembrar do cachorro. Uma plaquinha com o nome dele está colocada no pé de graviola, do qual tiravam a fruta para fazer o chá. De acordo com Danilo, é um lugar importante para lembrar “do cara que mudou a vida” deles.

“Eu sempre quis ser famoso, fazia palhaçada nas reuniões de família, e meu sonho é ser ator. Esse cara (o Doze) conseguiu me fazer famoso. Eu brincava com ele. Há 30 anos tento ser famoso e você em uma postagem conseguiu. É um cara diferenciado na minha vida e vai ficar para sempre. Só não entramos numa depressão nesse mundo que estamos vivendo, de pandemia, por causa do ensinamento dele. Conviveu um ano e meio com câncer, mas sempre feliz, brincando, fazendo farra”, recorda.

Campanha Doze Vive

Sem Doze, Danilo e Renata lançam uma nova vaquinha virtual (veja como doar) nesta semana para cumprir o que planejaram. Com uma dívida de R$ 4 mil devido à última cirurgia, eles pretendem levantar esse dinheiro e, a partir daí, fazer a doação para ajudar os cachorros da entidade Garra Animal. “Era nosso desejo doar o que sobrasse. Como a gente viu o poder que o Doze tem nas redes sociais, pensamos em aproveitar isso para ter um legado do Doze. Vamos lançar a campanha Doze Vive e tudo que arrecadar, enfim, vamos ajudar o Garra Animal, que foi o que a gente sempre quis.”

 
 
 
 
 
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Relembre o caso

No dia 8 de outubro de 2019, o técnico de segurança do trabalho, Danilo Mello, decidiu fazer uma loucura para salvar seu cachorro. Ele acabara de saber que o cão de estimação tinha câncer e precisava de um tratamento caro para sobreviver. Desempregado, ele rifou o ingresso da semifinal da Copa Libertadores, entre Flamengo e Grêmio, no Maracanã. As entradas estavam esgotadas e, naquele momento, era seu bem mais valioso.

A vaquinha virtual rendeu frutos rapidamente. Em apenas três dias, ele já tinha superado a meta inicial de arrecadação (R$ 7 mil). O tratamento foi iniciado e Danilo sorteou o ingresso histórico. Ciente da ação do torcedor, um patrocinador do Flamengo o convidou para assistir a semifinal no Maracanã, em duelo vencido pelo Rubro-Negro por 5 x 0.

Depois disso, Danilo foi convidado por patrocinadores a diversos jogos do Flamengo, incluindo a decisão da Copa Libertadores, diante do River Plate. Na ocasião, ele deixou o cão Doze com a namorada e foi de ônibus até Lima, no Peru.

Por Roberto Wagner

Fonte: Metrópoles

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