Mortes em massa de baleias no Atlântico estão sendo investigadas

Mortes em massa de baleias no Atlântico estão sendo investigadas
Trabalhadores inspecionam uma baleia jubarte morta que apareceu na Rockaway Beach em Queens neste mês. (Imagem: Spencer Platt/Getty Images)

Baleias-jubarte estão morrendo em números extraordinários ao longo da Costa Leste dos EUA desde o começo do ano passado. Biologistas marinhos tem um termo para isso – um “evento incomum de mortalidade” – mas eles não tem ideia do motivo pelo qual isso está acontecendo.

Quarenta e uma baleias morreram nos últimos 15 meses ao longo da costa atlântica desde a Carolina do Norte até o Maine. Em uma conferência de imprensa no último dia 25, oficiais da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) disseram que eles não conseguiram identificar a razão por trás dessas mortes em massa, mas sabe-se que 10 das baleias foram mortas por colisões com navios.

A agência está começando uma investigação mais ampla das mortes.

Estas baleias “tinham evidências de trauma de força contundente, ou grandes cortes das hélices”, disse Deborah Fauquier, uma oficial veterinária do Departamento de Recursos Protegidos da agência. Estas colisões com navios foram “eventos agudos”, Fauquier disse, e estavam sendo tratadas como as “causas aproximadas da morte”.

Fauquier disse que o número de baleias encalhando era “alarmante”, e que ela espera que a investigação possa dar clareza ao tipo de ameaça que isso apresenta para esta população de baleias-jubarte e aquelas ao redor do mundo.

Na média, oito baleias-jubarte encalham a cada ano desde Maine até Virgínia, e cerca de duas são atingidas por navios, de acordo com os dados da NOAA.

Um evento incomum de mortalidade é uma designação específica sob a Lei de Proteção dos Mamíferos Marinhos, e é definido como “um encalhamento que é inesperado, que envolve um número significante de mortes de qualquer população mamífera marinha, e exige uma ação imediata”.

Mortes em massa de baleias ou outro mamífero marinho são frequentemente pouco entendidas pelos cientistas, e este caso não é uma exceção. Os oficiais da NOAA não puderam explicar porque os animais estavam tendo maior contato com os navios, ou se havia qualquer distúrbio causado por homens ou relacionado ao clima que mudou seu comportamento.

Gregory Silber, gerente de recursos marinhos do Departamento de Recursos Protegidos da agência, disse que não houve nenhum aumento no tráfego de navios na região, e que as baleias podiam estar seguindo suas presas – elas comem principalmente crustáceos e pequenos peixes – até áreas onde poderia haver mais navios.

Dez baleias a parte das que foram mortas por colisões foram examinadas, mas os oficiais ainda não determinaram a causa da morte. Não há nenhuma indicação de que elas foram mortas por alguma doença.

As baleias-jubarte – que podem medir até 18 metros, pesam até 40 toneladas e podem viver por até 50 anos – são encontradas em todos os oceanos do mundo. Há 14 segmentos distintos de população – grupos que seguem certos padrões de migração e reprodução – de baleias-jubarte, algumas das quais são classificadas como ameaçadas de extinção. A população ao longo da costa atlântica, que no inverno vai até o Caribe, e no verão vai para as regiões do Atlântico Norte ou Ártico, agora é considerada ameaçada de extinção pela Lei das Espécies Ameaçadas.

Ao redor do mundo, estima-se que exista de 30.000 a 40.000 baleias-jubarte, cerca de um terço da população original. A população atlântica é de cerca de 10.000.

Os cientistas sugeriram que algumas mortes podem ser o resultado de ruído marinho, frequentemente vindo de atividade militar, perfuração ou exploração na costa, que podem desorientar os animais e enviá-los na direção errada, possivelmente para praias onde eles ficam presos ao invés do oceano profundo. Silber, o gerente da NOAA, disse que ele não estava ciente de uma conexão entre ruído oceânico e esses encalhamentos.

Um estudo recente mostrou que golfinhos, quando estão tentando escapar de predadores ou das fontes de ruído marinho, podem saltar para um mergulho mais rapidamente do que o normal, mudando de passadas longas e deliberadas para mais longas e rápidas, o que pode fazer com que eles usem o dobro da energia que normalmente usariam, causando sua exaustão.

O último grande evento de casualidades em massa de mamíferos marinhos nessa parte do mundo ocorreu entre 2013 e 2015, quando o ressurgimento de um morbillivírus matou milhares de golfinhos nariz-de-garrafa na Costa Leste.

Dentre as baleias-jubarte, houve um evento incomum de mortalidade em 2006, seguindo outros em 2005, que envolveram outras grandes baleias, e 2003, que foi primariamente de baleias-jubarte. Em cada investigação, a causa não foi determinada, os oficiais disseram.

Os oficiais da NOAA disseram que os membros do público que querem ajudar podem reportar baleias encalhadas ou baleias mortas boiando para os números listados em seu website.

Por Tatiana Schlossberg / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: New York Times


Nota do Olhar Animal: Desde que começamos a publicar notícias no site Olhar Animal percebemos uma grande quantidade de matérias sobre mortes de baleias no litoral brasileiro e no de vários outros países. O número expressivo nos fez questionar sobre o assunto nas redes sociais e as respostas que tivemos na época foi de que os óbitos estavam dentro da normalidade. Mas parece que não é bem assim. A matéria indica que algo estranho está acontecendo. E cremos que não é de hoje.

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